quinta-feira, 30 de junho de 2011

"E DEPOIS...QUEIXEM-SE"

Tenho para mim que, uma das consequências da globalização, tem a ver com o facto da facilidade com que chegamos a qualquer ponto e de tudo se poder conhecer, em tempo real. O Mundo parece estar mais pequeno. Quem está na Europa tem a ambição de conhecer outros continentes e, para tal, não são inoportunas as mais variadas promoções para que se torne a iniciativa de viajar uma realidade.
Neste planeta conturbado, as aventuras são por demais sugeridas. Para tal, muito contribuem os anúncios e as formas, mais ou menos evidentes, de despertarem essa curiosidade para as consumirmos. Quer a publicidade estática, quer através dos órgãos de comunicação social, já para não referir os “panfletos” com que diariamente as nossas caixas de correio ficam repletas, são a prova do que afirmei. “Mude de carro, mude de vida…e ganhe uma viagem” promete o anúncio da campanha de troca de um carro usado por um novo, mesmo ao lado de um anúncio de um banco que pergunta, “Quem disse que você não pode ter tudo o que quer?”. Mais adiante, num outro anúncio de uma agência de viagens na paragem de autocarro, vê-se uma rapariga morena a dormir, com um sorriso feliz nos lábios, em cima de uma almofada de pétalas e a anunciar um pacote especial para a Tailândia ou para as Maldivas. Sugere este, “Faça férias agora… pague só para o ano”, sublinhando dizeres sugestivos como “há muita coisa que pode acontecer”. Essa muita coisa, estou em crer, era a possibilidade espantosa de se ir a um sítio daqueles agora e só pagar oito meses depois. Isto é: não tenho dinheiro agora para pagar a viagem, mas pode ser que haja a hipótese de, nesses oito meses antes do pagamento, acontecer algum milagre que, sem mais qualquer esforço ou agonia, torne o pagamento possível. O sonho continua e, passadas dezoito horas com escala no sultanato do Omã, a viagem chega ao fim. Aqui chegados, logo da portinhola do avião já se entrevêem, a perder de vista, as águas transparentes e cor de esmeralda do Oceano Indico que banha os recifes de coral.
Como as coisas ocorrem hoje em dia, o cidadão é apanhado desprevenido e, como tudo é aparentemente fácil, cai na armadilha. Sim, porque, de uma maneira geral, a publicidade não é mais do que uma armadilha colocada de forma ardilosa para que os mais incautos e desprevenidos nela tropecem, com a mesma facilidade com que respiram. 
Mas de todas as formas de publicidade, para além das que já enumerei, a que mais me incomoda é aquela que nos surge através do contacto telefónico. Quase diariamente – e não é exagero – somos incomodados pelo outro lado da linha por alguém que nos quer vender um novo pacote da T.V., uma assinatura de uma qualquer revista sem interesse, a aquisição de um colchão que resolve todas as maleitas, a adesão a um novo sistema de Internet e, a mais curiosa de todas, a oferta de “um presunto” ou de um fim-de-semana à escolha em qualquer parte, se comparecer às tantas horas num determinado local, só para conhecer a empresa que estão a promover. Muitas das vezes, e se após várias tentativas negarmos o convite, ouvimos expressões menos correctas de quem nos contactou, algumas vezes com um “sotaque” estrangeiro que, por acaso, até nem é do meu agrado.
Embora possa parecer o contrário, nada tenho contra a publicidade. Mas todo o cuidado é pouco, pelo que devemos estar cada vez mais atentos a “ofertas” gratuitas, fáceis e acessíveis. Como diz um amigo meu, “ninguém dá nada a ninguém”
Por mim, e depois de ter aprendido com a facilitação que me levou a cometer erros, já decorreram muitos anos que não vou em "cantigas do vigário". Por isso, há que ter cuidado para não ficar "atolado na lama" e haver arrependimentos tardios.
Manuel Alberto Morujo
(Abril de 2005)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

E POSTOS DE TRABALHO?

(Texto escrito em Outubro de 2004)

A recente decisão do Governo, de pretender fazer a ligação das capitais de Distrito por auto-estrada, foi recebida com incontido entusiasmo por quase todos os sectores da sociedade Portalegrense. Com maior ou menor entusiasmo, consoante mais perto estão do poder político que actualmente governa o País. Sobre esta matéria, o cidadão vulgar, que não menos esclarecido, questiona-se se isso virá a ser realidade e, em caso afirmativo, quando?
Todavia, parece-me oportuno recuar alguns anos e constatar o que aconteceu nesta matéria de vias de comunicação, nomeadamente rodoviárias, e de grandes empreendimentos ou projectos estruturantes, como alguns gostam de lhe chamar.
Decorria o ano de 1985 quando o Distrito de Portalegre, por ser considerado uma zona periférica com tendências para a desertificação e uma população envelhecida, foi contemplado com uma O.I.D. (Operação Integrada de Desenvolvimento). Foi nessa altura que chegaram a Portugal os primeiros dinheiros (e não em 1988, como por vezes se ouve dizer) para a construção de Centros de Saúde, melhoria das condições hospitalares, vias de comunicação, etc. Foi também nessa altura que se voltou a falar da célebre IC13 e da Barragem do Pisão e, acima de tudo, na necessidade de não deixar que esta região se degradasse no tempo. Relembro que, além de Portalegre, só foram contempladas mais duas regiões, além da nossa: Viana do Castelo e a Península de Tróia.
Passados estes anos todos, verificamos que os sucessivos Governos desde Cavaco Silva, passando por António Guterres, até Durão Barroso, mais não fizeram do que colocar-nos no gueto em que hoje nos encontramos e do qual dificilmente sairemos com construções de auto-estradas.
O que na realidade se constata é que Portalegre é uma cidade em que os postos de trabalho diminuem, como aconteceu com o fecho de uma importante unidade fabril, há dez meses . Até mesmo a construção das novas instalações da Robinson, anunciada “com pompa e circunstância” pelo então Ministro da Economia, em Julho de 2003, parece, pelo menos à vista da opinião pública, ter ficado em “águas de bacalhau”.
Mas, voltando ao tema inicial desta minha crónica, gostaria de referir que a alegria deslumbrante daqueles que esperam que a anunciada auto-estrada (será mais uma promessa tipo Barragem do Pisão?) virá resolver os problemas com que nos debatemos há décadas, não é por mim, e certamente por muitos, partilhada. Ao pretenderem fazer-nos acreditar que o desenvolvimento de Portalegre, a aposta em projectos estruturantes, a criação de postos de trabalho e a fixação das populações passa pela construção dessa auto-estrada, não é senão “tapar o sol com a peneira”. Se a sua eventual construção é certo que melhorará algumas ligações aos grandes eixos, o nosso mal, o nosso fado, é que quase ninguém aposta e investe em Portalegre, porque, de entre outras coisas, aqui há pouca massa crítica. A nossa situação geográfica só atrai quem cá necessita de vir para uma breve visita, pois nem as condições hoteleiras são atractivas. Ao longo dos anos, o que vejo é que o investimento se faz cada vez mais junto ao litoral e, fundamentalmente, onde há maior densidade populacional. Esta cidade tem vivido, e vive em primeiro lugar, por ser capital de Distrito e por aqui ainda continuar a haver muitos serviços da Administração Pública, para além de, na maior parte do ano, ter uma população flutuante devido ao ensino superior. Se tivessem anunciado em vez da auto-estrada, a criação de unidades industriais, postos de trabalho, estruturas para a fixação dos Portalegrenses, isso sim, seria motivo de grande alegria. Mas, pelos vistos, isso é uma miragem.
Manuel Alberto Morujo

   

domingo, 26 de junho de 2011

MENTIRAS E TRAIÇÕES

Fico perplexo, até mesmo indignado, com a atitude da "gente" que nos tem (des)governado durante os últimos vinte e cinco anos, quer em termos nacionais, quer em termos distritais. Como diz o Povo "não bate a bota com a perdigota" isto é, os discursos não coincidem com o que está escrito na

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA
Artigo 81º
(Incumbências prioritárias do Estado)
d) Promover a coesão económica e social de todo o território nacional, orientando o desenvolvimento no sentido de um  crescimento equilibrado de todos os sectores e regiões e eliminando progressivamente as diferenças económicas e sociais entre a cidade e o campo e entre o litoral e o interior.

Sendo utente dos Caminhos de Ferro Portugueses, com maior incidência nos últimos dois anos, não posso deixar de lamentar, e até criticar duramente, o que já aconteceu e estará(?) para acontecer, no que toca a transportes ferroviários. Vejamos então:

O Ramal de Portalegre, conhecido como Linha de Portalegre, era um troço ferroviário que fazia a ligação da Linha de Évora, em Estremoz, à  Linha do Leste, em Portalegre. Inaugurado em 1937, o Governo de Cavaco Silva encerrou-o em 1990;

O Ramal de Cáceres era uma ferrovia que ligava a estação de Torre das Vargens à fronteira com Espanha, na estação de Beirã-Marvão, servindo também Castelo de Vide. Foi inaugurado em 1880. A estação de Castelo de Vide foi encerrada em 1990 e a da Beirã em Fevereiro de 2011, pelo Governo de José Sócrates;  

A Linha do Leste, que liga a estação de Abrantes à estação de Elvas, donde prossegue para Espanha (Badajoz) é agora notícia pelo facto do Governo cessante ter "proposto  à Troika o encerramento de algumas vias-férreas, com particular incidência no Norte e no Alentejo". No que diz respeito ao Norte Alentejano, está previsto a desactivação da Linha do Leste entre Abrantes e Elvas. 

Significa isto, a confirmar-se a notícia, que Portalegre deixará de ser servida por linha ferroviária.  O que virá a seguir para deixarmos de ser Portalegrenses e passarmos a ser Tuaregues?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ESTADO NÃO CONSEGUE FISCALIZAR CORRUPÇÃO NAS AUTARQUIAS

É no mínimo surpreendente como se deixou chegar a isto:  

Todavia, para mim não o é pois, em Setembro de 2005, escrevi e publiquei o seguinte:
Decorreu ainda pouco tempo desde que, um eminente economista do Fundo Monetário Internacional (F.M.I.), afirmou “se em Portugal não houvesse uma tão elevada taxa de corrupção, o nível de vida dos Portugueses seria idêntico ao dos Finlandeses”. Se adicionarmos a esta declaração as recentes entrevistas do Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais, à revista “Visão” e do Deputado João Cravinho, ao matutino “Público”, ficamos a saber que perverter, viciar, seduzir e subornar são termos do léxico Português, muito mais usados do que aquilo que imaginamos. Ou, escrito de outra forma, a CORRUPÇÃO anda por aí.
Na verdade, o primeiro, que é responsável pelo pelouro do Urbanismo, tem a coragem de afirmar, ainda no exercício das suas funções, que “negócios imobiliários financiam dirigentes, campanhas e partidos”. E, vai mais longe, ao denunciar que os pelouros do Urbanismo estarão a transformar-se nos “coveiros da democracia e os partidos nas casas mortuárias”, o que não deixa de ser motivo de grande preocupação, pois mostra-nos um regime podre e com promiscuidades preocupantes.
Mas a afirmação mais objectiva, elucidativa e surpreendente, de Paulo Morais, é que “o Urbanismo é, na maioria das Câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados”.
Quanto ao segundo, que desempenha no Parlamento as funções de Presidente da Comissão de Economia e Finanças, afirmou, sem evasivas, que “nos últimos vinte anos nenhum Governo enfrentou, a sério, o problema da corrupção”. Vindo de quem vem esta frase, não deixa de ser elucidativo que há mesmo corrupção no País e que, ex - Primeiros – Ministros como Cavaco Silva, António Guterres e Durão Barroso, não criaram todos os mecanismos para evitar que esta “praga” se desenvolvesse

terça-feira, 21 de junho de 2011

ENTREVISTA DE MATA CÁCERES, EM DEZEMBRO DE 2003 (2º TEMA)

3 de Outubro de 2001, na cidade de Setúbal, o Ministro do Ambiente, José Sócrates, assinou, conjuntamente com o Presidente da Câmara de Portalegre, Amílcar Santos, o Protocolo de Acordo da Linha 2 da componente 1 do Programa Polis;
16 de Dezembro de 2001, Mata Cáceres venceu as eleições autárquicas;
Nos primeiro dias de Janeiro de 2002, Mata Cáceres tomou posse e herdou, de entre outras coisas, os Projectos do Pólis, da Escola de Hotelaria, do Centro de Artes e Espectáculos e...900 mil contos de saldo positivo.
Dois anos depois, Dezembro de 2003:

2º TEMA

“O POLIS em Portalegre é um logro.”

O POLIS em Portalegre, nota e comenta o vulgar cidadão, não está a caminhar como outros projectos que se iniciaram ao mesmo tempo e que já têm índice de execução mais adiantado. São decorridos dois anos e o relógio, instalado no Rossio, vai passando e pouco se sabe sobre este assunto. Qual é o ponto da situação que se aguarda com alguma ansiedade?
E eu também. Agora o que se pode dizer é…é preciso… eu percebo donde vem essa conversa e é bom que se diga à partida o seguinte: o POLIS, em Portalegre é um logro.

Queira dizer-nos porquê?    
É uma falsa expectativa pois o POLIS tinha que ter sido sete ou oito milhões de contos e far-se-iam muito mais coisas se, para tanto, Portalegre se tem candidatado em tempo oportuno. O POLIS de Portalegre só não está mais adiantado porque de facto herdamos isto no ponto zero. E os projectos e os procedimentos, que são precisos desenvolver, levam todo este tempo. Estão neste momento praticamente a começar a ficar todos os projectos prontos, o último dos quais vai à reunião de Câmara amanhã (dia seguinte a esta entrevista). É preciso não esquecer que, tal como o Centro de Artes e Espectáculos, tivemos que ser nós a mandar fazer os projectos desde o início. Podíamos ter chegado ao POLIS com estes projectos já prontos a candidatar e já tínhamos neste momento as obras em fase de construção. Na realidade, os projectos vão aparecer agora.

De qualquer forma não estão em causa os prazos estipulados…
Não senhor, mas não senhor, nem nunca estiveram. Simplesmente percebo a ansiedade. Toda a gente vê o relógio a funcionar e há um trabalho, que precede a obra física, que é a parte burocrática e que leva sempre dois anos entre conceber a ideia e pô-la em prática.  
Nota: As obras só começaram em meados de 2005 que, por coincidência, foi novamente ano de eleições autárquicas e que Mata Cáceres venceu com maioria absoluta (seis eleitos do PSD e um do PS).

domingo, 19 de junho de 2011

PARLAMENTO TEM SIDO "CENTRO DE CORRUPÇÃO EM PORTUGAL

O ex-vice-presidente da Câmara do Porto, Paulo Morais, afirmou que « "o centro de corrupção" em Portugal tem sido a Assembleia da República, pela presença de deputados que são, simultaneamente, administradores de empresas».
Já não é a primeira vez que, o Professor Universitário, vem a público denunciar o tema. Fê-lo, tanto quanto me recordo, em meados de 2005 através de uma entrevista que concedeu à Revista "Visão". 
Também sobre este assunto publiquei no meu Blog, em 14 de Março, um texto intitulado  "CORRUPÇÃO? PARECE QUE HÁ"
Veja o seguinte link:
http://www.tvi24.iol.pt/politica/parlamento-corrupcao-paulo-morais-deputados-urbanismo-scut/1261311-4072.html
(Manuel Alberto Morujo)

RESPOSTA A UM COMENTÁRIO, ANÓNIMO, SOBRE A "ENTREVISTA A MATA CÁCERES"

Anónimo: 
Sou Portalegrense. Embora não resida na minha cidade, visito-a quase semanalmente. Não faço ideia como vim dar com o seu blog...mas lamentavelmente aconteceu. É ridículo a analise que faz aqui, porque esta a contradizer-se. O senhor não acreditou no projeto do presidente da câmara municipal em 2003, mas agora passados estes anos, constata-se que praticamente tudo o que foi prometido (de iniciativa municipal) realizou-se....tudo o que foi prometido e muito mais que não foi, muito do qual não constou em programas de publicidade eleitoral. Se até agora não foi construído mais, culpe os socialistas da cidade, a crise e limitações de verbas, o desprezo que o estado central tem perante a cidade, a falta de qualidade dos deputados e pessoas que defendam Portalegre, etc. Já falando da falta de empresas e investimentos na cidade,. queira entender que isso não diz respeito à câmara, mas sim aos privados. Não tenho nada contra, nem a favor de Mata Cáceres, mas uma coisa eu esperava nas cabeças ocas dos meus conterrâneos, que após todo o trabalho e revolução que este homem criou, aprendem-se a dar mais valor à sua terra e criam-se uma mentalidade de ambição e união perante um desenvolvimento que se quer constante e urgente para esta capital de distrito.O senhor pelos vistos não ambiciona isso, prefere voltar a ter um presidente de câmara como qualquer um os outros anterior a este, que por mandato não faça mais do que realizar as festas da cidade e ponto final.


Resposta de Manuel Alberto Morujo:
Agradeço o comentário que fez ao texto que redigi, e publiquei, no meu blog, o qual "lamentavelmente encontrou".
Começo por referir que aquilo que escrevi, logo no início do texto, se comprova: os "Lagóias" têm por hábito não dar a cara, como se pode testemunhar aqui pelo seu anonimato. Assim, é mais fácil passar à ofensa e aos impropérios. "Cabeça oca" a minha por ter uma opinião, desde há muitos anos, sobre o rumo que Portalegre estava a levar? Mas não deixa de ser curioso que, em sua opinião, os responsáveis são " os malandros" dos socialistas e dos empresários, numa tentativa de "branquear" a gestão de Mata Cáceres.
Mas permita-me, num aspecto, estar de acordo consigo, SR. JOAQUIM RAPOSO (assim se identifica a caixa de correio donde foi enviada a mensagem): os Deputados, que têm sido eleitos pelo Distrito de Portalegre, são, com destaque para Miranda Calha, também grandes responsáveis pelo que aconteceu a Portalegre e ao Distrito. Miranda Calha, o mesmo que o actual Presidente demissionário condecorou, no passado 23 de Maio, depois de dizer "cobras e lagartos" sobre ele. Mas, "não tape o sol com a peneira" e denomine de "cabeças ocas" os que governaram o Concelho de Portalegre, e já agora o País, durante, pelo menos, o Séc. XXI. 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

FRASE DA SEMANA (16 - 22 de Junho 2011)

Sei, que por dizer estas coisas e pela verdade com que as exponho, as acusações que me esperam. Conto com elas.
Almeida Garrett (1799-1854)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ENTREVISTA DE MATA CÁCERES, EM DEZEMBRO DE 2003

Fui dos poucos que cedo deixei de acreditar no projecto do agora demissionário Presidente da Câmara de Portalegre. E não me limitei a dizê-lo, como é costume dos "Lagóias", às escondidas pedindo segredo, para logo o divulgarem em tertúlias mais ou menos "conspiradoras". Fi-lo, através da Comunicação Social Local, numa tentativa de ajudar a ver o que estava à vista de todos e que, cegos que queremos ser, não víamos o evidente: que as promessas seriam, em grande parte, irrealizáveis.
Em Dezembro de 2003, fiz uma entrevista ao agora demissionário Presidente da Câmara de Portalegre, que publiquei no Distrito de Portalegre. É uma extensa entrevista, temática, que irei reproduzir a partir de hoje. Deste modo, quero trazer agora e aqui, para análise dos leitores, o que foi dito na altura.
1º TEMA

DESLOCALIZAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS
“Neste momento há perto de sessenta empresas pendentes de se instalarem em Portalegre”

Em que ponto está a deslocalização das infra-estruturas existentes na cidade tais como a Robinson, a Adega Corporativa, a Serraleite, a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, as Oficinas da Câmara…
E a própria Câmara. Estamos a falar, em concreto, dum movimento ambicioso. Nem sequer estamos a falar da pequena oficina, da pequena organização que está no interior da cidade e que, do ponto de vista ambiental e a todos os níveis, tem vantagens em ser deslocada. Todas as entidades citadas estão, nesta altura, a ser intervencionadas. O que é que está em causa? A primeira condição era a existência de terrenos, na zona industrial, para dar acolhimento a estas entidades.
Não existiam?
Não. Mas agora já existem, pois foram adquiridos. O processo está numa fase adiantada do plano de pormenor. Todas as entidades já sabem, neste momento, o sítio onde se vão instalar e já estão a desenvolver procedimentos ao nível burocrático. Cremos mesmo, que outras entidades tenham ali o seu espaço de acolhimento. Estamos mesmo empenhados em acabar com alguma especulação, que existia à volta dos terrenos, em que entidades terceiras tiravam partido de negócios, em grande parte porque a oferta era de tal forma escassa, que prejudicava quem ali se queria instalar. Neste momento, a oferta vai aumentar drasticamente. O plano de pormenor vai atingir uma ordem de grandeza dos duzentos e muitos hectares, contra os cinquenta e qualquer coisa que existiam. Não estão todos comprados. Mas está tudo planificado e projectado, para poder começar a ser encetado este movimento. O que estamos a tentar é que tudo isto aconteça em simultâneo. Enquanto estamos ainda a cuidar do plano de pormenor, que vai gerir todo o espaço de acolhimento na zona industrial, vamos dando a possibilidade às pessoas, às empresas e às entidades, para irem desenvolvendo os seus procedimentos.
Há alguma novidade quanto a projectos de novas empresas, para se instalarem em Portalegre?
Neste momento há perto de sessenta empresas pendentes de se instalarem em Portalegre. Umas maiores, outras mais pequenas. Não temos nenhuma multinacional com quinhentos trabalhadores. Mas também penso que, se tivéssemos alguma empresa com quinhentos trabalhadores, amanhã não tínhamos capacidade de resposta para ela. Mas isso é outra questão. Estou em crer que, de um momento para o outro, vão começar estas coisas todas a alterarem-se logo que começar a ser construído o prolongamento da Av. Francisco Fino e se começar a visualizar aquilo que é a nova filosofia da zona industrial, com uma transferência agregada de serviços desde as instalações da CERCI, com infantários, centro de dia, lares e eventualmente alguns investimentos na área da saúde, posto de abastecimento de combustível, estando previsto também um motel de estrada.
No referente às novas instalações da Câmara Municipal de Portalegre, em que ponto estão?
Gostaria de acrescentar que, quando for publicada esta entrevista, já terá ido à reunião de Câmara o projecto do novo edifício da Câmara Municipal. Na semana passada, já foi aprovado o estudo prévio do projecto das novas oficinas. São coisas que levam mais tempo, do que aquilo que gostaria. Mas estamos a atingir as condições necessárias e suficientes para passar do papel à obra. O que constato é que a parte burocrática é mais morosa do que a própria obra. São as regras que não se conseguem dominar.         


segunda-feira, 13 de junho de 2011

MATA CÁCERES DEMITIU-SE

FINALMENTE, O VENDEDOR DE ILUSÕES, VAI-SE

(Quem vier atrás, que feche a porta)

Para quem me acompanhou na Comunicação Social, desde 2001, poderá confirmar agora que tudo o que escrevi não eram "atoardas", nem tão pouco falsas questões. Eram apenas, e mais nada, leituras antecipadas daquilo que estava à vista de todos e que poucos tinham a ousadia de comentar, publicamente. E isso custou-me caro, com a constante degradação da minha imagem, única e exclusivamente por gostar da minha cidade. Em contra-partida nem uma palavra de solidariedade, até mesmo daqueles que, em termos ideológicos, estavam perto de mim.
Por isso, quero deixar aqui e agora um pequeno texto, dos muitos que escrevi e publiquei, onde claramente denunciava o caminho que Portalegre estava a levar. Foi em Novembro de 2004:

Erguei-vos “lagóias”

Numa manhã destas resolvi dar uma volta, a pé, pela cidade. Não dei o tempo por mal empregue. Há coisas que, por vezes tão perto delas, não observamos com o devido tempo e cuidado. Refiro-me, por exemplo, ao parque habitacional da cidade. É visível a sua degradação. Casas velhas, a ameaçarem ruína, são em número tão elevado que merecem uma atenção especial e necessitam de uma intervenção imediata. Naturalmente que não é fácil. Mas é um desafio que importa encetar, para que não venhamos a ter ocorrências desagradáveis, como já aconteceu.
Enquanto centro económico relevante do Distrito e base de reflexão útil para o nosso futuro colectivo, Portalegre teve um período estimulante no qual parecia querer ter uma palavra no desenvolvimento do interior, durante a década de sessenta. Mas diversos erros cometidos tornaram todo esse esforço incapaz de sustentação, o que fizeram da Cidade um lugar onde os cidadãos mais novos não se realizam. As manifestações recentes, dessa queda inapelável, são algumas e tristes:
- a estratégia de então cedeu à preguiça e à incompetência;
- a cooperação e a ambição derivaram para negociatas e rivalidades paroquiais;
- a altivez burguesa passou a parolice provinciana;
- a fixação dos melhores e de maior potencial foi vencida pela sua fuga.
O desnorte foi e vai assim acontecendo um pouco por toda a parte, dos eleitos à administração, dos intelectuais aos partidos, das elites aos jovens.
Na verdade, a degradação não é só do parque habitacional. A degradação do colectivo é muito mais preocupante.
Por isso, o meu apelo às figuras de Portalegre que prosseguem nos seus pequenos territórios a sua actividade económica, social, investigadora e artística, aos “lagóias” que, espalhados pelo país e pelo mundo, souberam granjear reconhecimento sem deixarem de manter um olhar atento sobre as suas origens, aos anónimos mas clarividentes cidadãos de Portalegre, quer sejam “lagóias ou estrangeiros”, para encontrarmos forças para um grito de revolta individual e um esforço de renovação colectiva. É que – perdoem-me as excepções – não podem ser aqueles senhores dos aparelhos partidários, carreiristas políticos, representantes associativos à procura de protagonismo e agentes económicos a tratar dos seus negócios particulares os que moldam a nossa imagem e falam em nosso nome. É tempo de em Portalegre:
-demolir os prédios velhos e dar lugar a novas edificações;
-do respeito e da liberdade derrotarem a cobardia e o medo;
-de criar uma sociedade em que os poderosos não enriqueçam à custa dos desfavorecidos.   
(Manuel Alberto Morujo)

NOTA: A minha contribuição posterior, como cidadão, foi a da publicação dum Manifesto, a tentativa da criação dum Movimento de Cidadãos do Norte Alentejano e a realização do 1º Forum do Norte Alentejano, no dia 8 de Julho de 2006, que o Autarca, agora demissionário, tudo fez para que ele não se concretizasse. Aos que se lembram disto, confirmarão agora de que lado estava a razão. Aos que nunca souberam da existência destas minhas iniciativas, terão, oportunamente, a possibilidade de as conhecer.

       

domingo, 12 de junho de 2011

SERÁ PASSOS COELHO A PRÓXIMA VÍTIMA?

2 de Junho de 2011
Se Passos Coelho não se acautelar, será a próxima vítima. O homem da Sonae consegue estar sempre no sítio certo, à hora certa. Depois de "usados e sugados" veja  como trata  as suas "presas": com desprezo e até com insultos.

8 de Setembro de 2005 
O Primeiro-Ministro, José Sócrates e o Presidente da Sonae, Belmiro de Azevedo accionaram juntos o detonador da implosão dos edifícios, em Tróia. 
6 de Fevereiro de 2006
A OPA da Sonae sobre a PT resultou num insucesso. Início do afastamento de Belmiro de Azevedo em relação a José Sócrates.
28 de Janeiro de 2010
O patrão da Sonae lança farpas à direita e à esquerda. Belmiro de Azevedo acusa Cavaco Silva de ser "um ditador", aconselha Manuel Alegre a "ter juízo", deixando também várias críticas a José Sócrates e a Manuela Ferreira Leite.
6 de Junho de 2011
Belmiro de Azevedo afirmou, entre outras coisas, que "José Sócrates vai para o livro do Guinness".

12 de Junho de 2011
(Só para crianças. Os adultos não devem ouvir)




sábado, 11 de junho de 2011

PARA ONDE FOI O DINHEIRO DESTINADO AO INTERIOR?

Não procures esconder nada. O tempo vê, escuta e revela tudo.
Sófocles (495-405 a.C.)


Afinal não foi só enquanto o Professor Cavaco Silva foi Primeiro-Ministro que as assimetrias entre o interior e o litoral se acentuaram, contribuindo para a desertificação que hoje se constata no interior do território Português. Os seus sucessores, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates também deram a sua contribuição, a acreditar nas declarações da Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas, conforme se pode ler no seguinte link:
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/pme-interior-fundos-comunitarios-agencia-financeira-cavaco/1259744-1730.html  

sexta-feira, 10 de junho de 2011

QUE HIPOCRISIA, QUE DESPUDOR.

Ouvi, com a maior das atenções, o discurso hoje proferido pelo Presidente da República. O que foi dito, não podia deixar de ser tão contraditório entre o que foi a prática e o que hoje são palavras de circunstância.
Afirmou, a determinado momento, o mais  "Alto Magistrado da Nação":
«Está na hora de mudar de atitude, de desenvolver uma estratégia clara de revalorização do interior do País, incentivando e apoiando o espírito indomável daqueles que aqui vivem e trabalham» fazendo notar mais adiante que  foi o «menosprezo dos poderes públicos pela realidade do interior», que obrigou gerações inteiras a deixar as suas terras, tornando Portugal «um país desequilibrado, um território a duas velocidades», com um interior com grandes potencialidades na agricultura, mas sem capital humano.
Nem a propósito: ainda não passou um mês que escrevi, neste espaço - e fazendo referência à recepção que o Presidente da República fez a trinta jovens Empresários Agrícolas - o seguinte:
É bom recordar agora que, a individualidade que hoje "defende a prioridade para a produção agrícola", foi Primeiro-Ministro entre 1986 e 1995, período durante o qual a produção agrícola Portuguesa sofreu um decréscimo anual de 3,1%, em termos reais (as variáveis são avaliadas com base nos preços de base, que resultam da soma dos preços no produtor, com os subsídios líquidos aos produtos e os subsídios ao produtor).
O resultado foi que, desde a adesão à U.E., a produção agrícola interna cresceu menos do que a oferta alimentar, estando assim na origem de um défice alimentar crescente ou, por outras palavras, de uma redução do grau de auto-suficiência.
(Manuel Alberto Morujo)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A PÁTRIA ESTÁ DOENTE

(Texto escrito em Fevereiro de 2004)
Portugal quis fazer parte da elite mundial e, para isso, ade­riu à União Europeia. Estáva­mos em mil novecentos e oiten­ta e seis. Recebemos ajudas e criou-se uma dinâmica como se tratasse de um País em vias de desenvolvimento. Aqui e ali, pareceu que a nossa mentalidade iria mudar, que deixaríamos de ser o País das baldas, do desleixo, das irresponsabilidades e passaría­mos a ser um Povo mais pro­dutivo, lutadores incansáveis criando riqueza, para ser dis­tribuída, por todos, com justiça social. Mas..."a montanha pariu um rato". A realidade aí está, pon­do os Portugueses descrentes, depressivos, sem auto-estima, sem referências e valores que possam alterar este estado de coisas.
A verdade é que, passados todos estes anos, as ajudas vão terminar, deixando-nos prati­camente entregues a nós pró­prios. Em contrapartida outros Povos, mais atractivos e com valores bem mais homogéneos e consistentes do que nós, irão partilhar o nosso território de concorrência e receber ajudas idênticas às que nós já recebemos. Torna-se assim importante consciencializarmo-nos de que, a abertura da União Europeia a Leste, poderá vir a constituir o nosso maior problema, desde o vinte e cinco de Abril.
Portu­gal, durante este período em que recebeu apoios, não interiorizou que a produtividade era factor essencial para que pudésse­mos ser mais solidários, mais empreendedores, mais traba­lhadores, mais eficientes. Em cada sector, em cada actividade, em cada empresa deveria ter estado presente, que a "ga­linha dos ovos de ouro" seria efémera. E, não tendo sido assim, terá faltado uma cultura de responsabilida­de consistente, que impediu de interiorizar que a produtivida­de é a primeira forma de solidariedade. Entretanto, nem todos os Portugueses entenderam que isto era óbvio, embora tenha havido muitos que estiveram disponíveis e motivados para aquele desafio, assim como houve outros entendendo que o desafio era excessivo ou desne­cessário. Em consequência disso,  vive-se hoje em Portugal uma verdadeira tensão, uma tensão essencial­mente social, que atravessa to­das as classes e condições. So­mos hoje o Povo menos pro­dutivo da União Europeia. E, por exemplo, são Portugueses vinte e cinco por cento dos trabalhadores do Luxemburgo, o Povo mais produtivo da Eu­ropa. 
Mas o que é que está mal entre nós, pois não alteramos os nos­sos maus hábitos? Creio, e cer­tamente muitos concordarão comigo que, uma das coisas que está mal en­tre nós, é o sistema político e, consequentemente, os que en­tendem dever regular a sua ac­ção segundo as necessidades do momento, para chegarem mais facilmente a um resultado tem­porizador, aguardando as cir­cunstâncias oportunas. Chamo a isto OPORTUNISMO.
Pobre Povo, cuja PÁTRIA é a Língua Portuguesa.


(Manuel Alberto Morujo)