segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

MAIS UM POEMA DO CÓIAS


O Amigo e companheiro de tertúlias musicais, António Bagorro, fez-me chegar mais um poema do Amigo comum, Raul Cóias Dias. Não deixa de ser impressionante, conforme escreveu o António, "o presságio da morte que acompanhou o Raul, durante os últimos anos".
Acrescentarei que este poema, tal como outros, merecerá por parte do António Bagorro um tratamento musical a apresentar, quiçá, numa homenagem que poderá e deverá ser levada a cabo no 1º Aniversário da sua partida...física.
Por mim, acrescentarei que Poetas a usarem as palavras com esta mestria (e sobre este tema) só conheço dois: José Duro e José Régio. Que me desculpem os outros, tantos e tantos de tão elevada qualidade. Mas, os dois que referi, conheço-os mais profundamente, que outro qualquer. Talvez por terem, como o Raul, muita afinidade à minha Cidade de Portalegre.
Todavia, não terminarei sem te afirmar, Raul: pelo menos eu e o Bagorro fomos, e continuaremos a ser, teus Amigos e...não te esqueceremos.

QUANDO O POETA MORREU

O poeta, de cansado morreu há pouco coitado.
No tédio da consciência, vulcão em carne viva,
tinha ao rubro a resistência do coração em ogiva.
E a espera maldita
a palavra sempre esquiva....
Era a solidão infinita,
à beira do útero informe,
onde o verso tosco habita...
E aquele silêncio, enorme,
da sua vida parada
assim entre tudo e nada.....
Morreu há pouco coitado, sem amigos, sem dinheiro,
um leve sorriso vago, de ironia, meio magoado,
e olhar firme e inteiro,
como se num gesto sereno fechasse, enfim, o tinteiro,
e vendo o cigarro pequeno, o esmagasse no cinzeiro.
Raul Cóias Dias


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