quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

BEM PREGA FREI TOMÁS


"Faz o que ele diz e não o que ele faz" ou melhor, o que ele fez quando foi Primeiro -Ministro entre Novembro de 1985 e Outubro de 1995.
Vejamos o que o actual Presidente da República disse, em 2011 no acto da tomada de posse, e o que fez outrora:
Disse, "...esta foi uma década perdida."
Fez os alicerces, na década em que governou quando o dinheiro chegava "em paletes", do modelo de desenvolvimento que nos trouxe até aos nossos dias.
Disse, "...não nos podemos esquecer dos encargos futuros com as Parcerias Público-Privadas."
Fez a primeira Parceria Público-Privada, aquando da construção da Ponte Vasco da Gama.
Disse, "... que há uma concessão indiscriminada de crédito, em especial para fins não produtivos."
Fez  o maior sorvedouro de crédito com o estímulo à aquisição de casa própria, tendo sido o que mais promoveu este tipo de investimento das famílias.
Disse, "...temos de apostar nos sectores de bens e serviços transacionáveis."
Fez uma aposta, intensa, na construção civil e no betão.
Disse, "...não podemos privilegiar investimentos que não temos condições de financiar."
Fez brutais investimentos públicos, que sugaram os fundos europeus, os quais tiveram um efeito temporário na economia, no tempo "das vacas gordas" e do "Portugal é um oásis" como hoje se constata.
Efectivamente, as asneiras começaram com o senhor professor. E hoje as soluções apontadas são pouco mais do que frases vazias. Alguém afirmou, há tempos, que lhe "faltou coerência com o seu passado, seriedade quanto ao presente e conteúdo quanto ao futuro". 
Afinal o PR só serve para discursos ocos (contraditórios com a sua actuação a tempos idos) promessas em campanha eleitoral (que como se comprovaram são irrealizáveis) e também o de contribuir para o aumento do défice, com as despesas inerentes à sua função. 




quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

QUINZE MESES DEPOIS...

Caro Amigo Raul,

Estou a escrever-te pois quero que saibas que as coisas por aqui estão cada vez pior, "estão pretas". A "merda" é a mesma, ou melhor, as "moscas" são semelhantes, mas o cheiro nauseabundo é mais intenso. Acredita que pouco falta para voltarmos aqueles tempos idos  em que escreveste "Gorki lia-se à socapa...Mayakowsky nem se falava dele. (Mas havia fábricas retalhando pele...)".
A pulhice impera, a desgraça é incontida, a avidez torna-se intolerável, o desemprego alastra e a trilogia, que nos ensinaram na Escola (Deus, Pátria e Família) tornou-se uma miragem pois as querelas teológicas colocaram o poder eclesiástico "muito longe dos céus e muito perto dos pecados terrestres",  a Pátria é apenas uma metáfora (somos (des)governados pelos donos do dinheiro) e a família é a dos políticos que levaram a Terra de Camões para a pedincha, miséria e calamidade.
Recordo-te com saudade, quinze meses após a tua partida.
Um abraço do teu eterno Amigo,

Manuel Morujo  

sábado, 16 de fevereiro de 2013

DOIS ANOS PASSARAM

"Às vezes ouço passar o vento. E só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."
Fernando Pessoa (1888/1935)

O meu blogue, Tangentes e Secantes (http://tangentesesecantes.blogspot.pt/) , faz hoje dois anos. Durante este período, em que publiquei cento e sessenta e sete textos, foram mais de treze mil as visualizações efectuadas. Por isso, quero aproveitar esta oportunidade para agradecer a todos os que tiveram a gentileza de ler as minhas publicações, com a certeza  de que continuarei a fazê-lo com o objectivo de exteriorizar o meu pensamento, e a minha postura, em relação ao meio envolvente nas vertentes de carácter social, económico e político. 
Manuel Alberto Morujo


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

UM MAL MAIOR

Uns mais do que outros sentem-se tristes, ansiosos, depressivos e cépticos quanto à resolução dos problemas que os aflige. São as dificuldades de ordem financeira que trazem a maioria da população perturbada, tendo em conta a redução dos salários e pensões, o aumento dos impostos directos e indirectos e, principalmente, sem saberem até quando vão continuar todos  os sacrifícios que são impostos para fazer face às dividas e "roubos" que foram cometidos por poucos, a quem tarda serem aplicadas as condenações que merecem...se é que alguma vez irão responder por isso.
Mas tudo isto, apesar de difícil, é um mal menor, com o devido respeito por todos que "sentem na pele a situação".
Quando há poucos momentos tive conhecimento, através de uma reportagem televisiva, de que hoje é o Dia Internacional da Criança com Cancro fiquei incomodado, desassossegado. Afinal o que é tudo aquilo que descrevi, comparado com o que os Pais se confrontam quando têm uma criança a quem lhe é diagnosticado um cancro? Sentirão, certamente, um sentimento de impotência quase intolerável e que o mundo parou de girar. Temerão pela criança e pela sua saúde. E o mais grave é que haverá gente que se encontra perante ambas as situações. 
Boas melhoras a todas as crianças doentes.
Manuel Alberto Morujo



PARA ONDE CAMINHAS PÁTRIA AMADA, QUE TÃO MAL ÉS TRATADA?



  Antes de nos lançarmos a percorrer, por conta própria, na realidade que apenas adivinhamos, devemos aprender a navegar, interiormente, naquilo que pensamos conhecer. Partir dum raciocínio de azul cinzento e de sombras, para chegarmos à conclusão desejada com alguns clarões, não é mais do que uma receosa e humilde caminhada, a qual nos dará o sentido das distâncias necessárias percorrer e nos ensinará a compreender que, a tolerância e o respeito pelos outros, começa em nós próprios. Vítimas de todas as miragens, enganados e abalados - porque nos falta a noção de previsão - não aprendemos a distinguir os valores. Sendo assim, jamais poderemos demarcar o nosso espaço, de modo a encontrarmos o fundamento seguro para podermos erguer o padrão da nossa razão. E, se considerarmos pior o caminho dos outros, melhor será ir junto deles aconselhá-los e guiá-los, para não comprometer o futuro daquele que todos querem defender, se bem que hipocritamente, o POVO. Este, cada vez mais, vai deixando de acreditar neles, nesses mesmos, nos políticos, os quais deveriam dar o exemplo de respeito pelas instituições democráticas e não fazerem da política “uma feira da ladra” ou “lavagem das mãos, como Pilatos”.
Mas nem todos são iguais e, por isso mesmo, estão afastados do protagonismo populista e “voyeurista” a que a acção política chegou. Basta por vezes olhar à nossa volta e nada custa comprovar que a excepção confirma a regra.
Para onde caminhas, Pátria amada, que tão mal és tratada? Não, não é só de agora.  Infelizmente pode-se constatar que, os que hoje estão na oposição, também se comportaram de modo idêntico quando iam ao leme. E os que hoje estão ao leme actuam rigorosamente da mesma maneira, quanto aqueles que outrora criticavam. Seria bom que entendessem que “uma Nação só se realiza de frutos da terra e do mar, de escolas que preparem os seus filhos para o mundo, de conselhos que a si próprios se governem, sem mutiladoras dependências do poder central, de propriedade comunitária de liberdade partilhada e não de sofrida sujeição e, principalmente, de governos que mais fossem de coordenar do que mandar” (Agostinho da Silva).
A política, caros leitores, não é uma feira de vaidades, mas uma missão. Nem tão pouco é um espectáculo popular, mas uma manifestação de respeito. Torna-se assim importante pensar que este momento, em que a humanidade vive, é crucial. Por isso, os políticos têm o dever e, essencialmente, a obrigação de contribuírem para o bem-estar do seu POVO sendo tolerantes, “tendo sempre presente a diferença das almas e dos hábitos, não se deixando cair no cómodo sorriso superior”. E ninguém se pode julgar como vencedor ou vencido ou, por mero acaso, possuidor da verdade.
Manuel Alberto Morujo
    

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A DESERTIFICAÇÃO DO INTERIOR COMEÇOU EM 1986

"É urgente dar incentivos ao crescimento das regiões do interior ou assimétricas" disse, a dado momento do seu discurso no dia 10 de Julho de 2011, o Presidente da República, Cavaco Silva. O mais "Alto Magistrado da Nação" afirmou ainda que "Está na hora de mudar de atitude, de desenvolver uma estratégia clara de revalorização do interior do País, incentivando e apoiando o espírito indomável daqueles que aqui vivem e trabalham, referindo mais adiante que "o menosprezo dos poderes públicos pela realidade do interior, que obrigou gerações inteiras a deixar as suas terras, tornando Portugal um País desequilibrado, um território a duas velocidades, com um interior com grandes potencialidades na agricultura, mas sem capital humano".
Convém recordar que a individualidade que fez estas considerações foi a mesma que, entre 1986 e 1995 enquanto Primeiro-Ministro, contribuiu para que a produção agrícola Portuguesa tivesse tido um decréscimo, anual, de 3,1% em termos reais. O resultado desta medida foi a redução do grau de auto-suficiência alimentar.
Passados quase dois anos, e como aparentemente tudo continua na mesma, a pergunta que deixo é a seguinte: para que serve o Presidente da República que não pode intervir ou influenciar no acto da governação? Não seria melhor ser revista a Constituição e passar a haver um Regime Presidencialista, como nos EUA ou semi-presidencialista como na França? Seria uma maneira de contribuir para a contenção de despesas que os Presidentes, mesmo depois de o deixarem de ser, produzem no défice orçamental.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

FUTURO, COM FUTURO...SÓ PARA ALGUNS

Procurar a razão, do ser ou não ser, torna-se um exercício deveras atraente e simultâneamente surpreendente se, por hipótese ou dedução, considerarmos que estamos rodeados de energúmenos e hipócritas que, à falsa fé e pelas costas, praticam os actos que nos levam ao desespero,  transformando-nos em seres enraivecidos por não podermos (ou não querermos?) alcançar a serenidade e o conforto que nos foi prometido. Mesmo no que toca aos mais crédulos, o horizonte apresenta-se cinzento, até mesmo negro.
Quando há quase quarenta anos nos foi prometido que o tempo da miséria passaria a ser um tempo de progresso e bem-estar e o Povo jamais seria explorado e enganado, a enorme maioria acreditou e empenhou-se, com maior ou menor visibilidade, para que fosse atingido esse desígnio.
Mas os Homens são feitos de matéria diversa e, em alguns, há imensos neurónios que entram constantemente em curto-circuito, o que os leva a mentir e a praticar actos contrários ao prometido. 
Reconheço que os tempos se tornaram difíceis desde o princípio do Século XXI e que os sucessivos Governos não souberam (ou não quiseram?) tomar as medidas que se impunham para não chegarmos a este ponto. E também reconheço que o actual Governo herdou uma situação deveras preocupante. Como sempre, em situações semelhantes, aparecem os agiotas quais salvadores do infortúnio que novamente veio ter connosco, como aconteceu nos anos vinte do Século passado. 
Todavia, a partir de 1984 (O.I.D - Operação Integrada de Desenvolvimento) vieram muitos milhares de milhões que, em vez de terem servido para "plantar sementes produtivas", serviram para "plantar alcatrão e cimento" permitindo o enriquecimento de muitos "patos bravos" e decisores que passaram a mostrar "sinais exteriores de riqueza", os quais continuam, impunemente, a circular ostensivamente sem que lhes seja pedida responsabilidades pelo caminho, e sacrifícios, para onde levaram os Portugueses.
Volto a referir que o actual Governo herdou um "fardo pesado". Mas se os anteriores foram responsáveis por criar o buraco onde chegámos - e os verdadeiros responsáveis directa ou indirectamente estão catalogados - porque motivo não são aqueles julgados e penalizados, em tempo útil, para evitar todos os sacrifícios actuais (e os que virão a seguir)? Certamente por ser mais fácil ir pelo caminho dos impostos directos e indirectos, o que leva a sociedade Portuguesa a ter cada vez menos dinheiro para desenvolver a economia, consequentemente diminuindo a produtividade e aumentando o número de desempregados.
Voltámos assim aos anos cinquenta e sessenta com a necessidade de os Portugueses (os que ainda podem) abandonarem as terras do interior para o litoral e até procurarem outros destinos internacionais. Mas desta vez a situação é mais grave: muitos dos que partem são aqueles cujos progenitores fizeram sacrifícios para lhes dar uma formação superior. O País também investiu neles. Entretanto, como não têm onde trabalhar, irão produzir riqueza em Países onde, posteriormente, Portugal irá às compras.
Mas não posso deixar de colocar a seguinte questão: O actual Presidente da República, quase a completar sete anos em Belém (e mais dez como Primeiro-Ministro) não actou em devido tempo para evitar o desmoronamento do País, porquê? Estava distraído a ver a Nau Catarineta, o Centro Cultural de Belém, a Ponte Vasco da Gama, a Agricultura e a Pesca a definhar e os Jovens Licenciados a emigrarem? Cito o Padre António Vieira:
"...vedes as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes?"
  


                     
         
   

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A CEGUEIRA DA GOVERNAÇÃO

O Padre António Vieira, religioso, filósofo, escritor e orador, foi uma das mais influentes personagens do século XVII (1608/1697). 
O texto por ele escrito, há cerca de quatrocentos anos, deveria ser colocado na frente de cada um dos membros que compõe o Conselho de Ministros e ser lido em voz alta, ininterruptamente, durante sessenta minutos. 






sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O ALARGAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA


Senhor! eis-me vencido e tolerado:
Resta-me abrir os braços a Teu lado,
E apodrecer Contigo à luz dos astros!
José Régio (1901-1969)

Não me levais a mal, caros leitores, de aqui e além diversificar os temas das minhas crónicas. Ao escolhê-los, estou, nem mais nem menos, a exteriorizar os meus sentimentos, ainda que de uma forma abrangente sem querer ser específico no seu tratamento. Creiam, que não sou mais do que um cidadão normal sentindo o pulsar da sociedade em função dos conhecimentos e experiências adquiridas. E a maioria das vezes aproximando-me daquilo que muitos sentem e sabem, os quais, por este ou por aquele motivo, não estão interessados em se exporem o que, para além de ser mais cómodo e politicamente correcto, sempre permite seguir o seu caminho, qual bóia de cortiça ao sabor das marés. 
A abordagem, que entendo dar aos meus escritos, resulta daquilo que é a minha visão com sentido de verdade, com ética e deontologia.
Não é decorrido ainda um mês, encontrei-me com um amigo de há mais de quarenta anos, que desempenha um alto cargo na estrutura empresarial em Portugal. Conhecedor da situação económica, financeira e social do País, como poucos, mostrou-se céptico quanto ao futuro. Com o investimento estrangeiro a diminuir, com a taxa de desemprego a aumentar (actualmente em quase 7%, 10% dos quais possuem curso superior), com as empresas multi-nacionais a deslocarem-se para os novos Países da União Europeia (são dez os que entrarão, oficialmente, no próximo dia 1 de Maio), com as importações a aumentarem (só com a Espanha o aumento, em 2003, foi mais de um milhão de euros) e a economia portuguesa com a síndrome do cumprimento da meta do défice (com os “truques” conhecidos), Portugal deixou de ser o País que “estava na moda”, no tempo do Professor Cavaco, para o País “adiado” em que actualmente vivemos.
É evidente que a conjuntura internacional, não é favorável. Mas também, se por um lado a produtividade é inferior ao desejado, por outro lado os gestores e administradores também não são dos melhores. E, com tudo isto, o País fica mais pobre. O P.I.B. foi negativo (- 0,8 % em 2003) e a maioria da população vive hoje pior do que vivia há dois anos. O fosso entre os ricos e pobres avoluma-se e os direitos sociais são postos em causa, tanto na função pública como na actividade privada. Aliás, situação idêntica se vai verificando um pouco por toda a Europa, cujas consequências foram já visíveis na Espanha e na Grécia e, mais recentemente, em França. 
Mas o que constato é que, embora importantes em democracia, as mudanças de Governo não mudam o essencial: a forma de fazer política e de governar mais séria com os princípios enunciados. Governar, não em função duma minoria que determina o rumo a seguir (lobies económicos), mas em função da maioria (população activa e dependente dos postos de trabalho).
Já referi, anteriormente, que o País tem um saldo negativo na balança comercial (importa mais do que exporta). E o facto, também já referido, da nossa produtividade ser baixa comparativamente com outros países com quem competimos. O que nos faz pensar, com grande preocupação, que a entrada dos novos dez Países trará ainda mais problemas na medida em que, nos quase dezoito anos que levamos integrados na União Europeia, não soubemos aproveitar os recursos postos à nossa disponibilidade. 
As previsões dos 10 novos Países da U. E. são de crescimento do P.I.B. (que vai desde +1,3% na Polónia até +6,7% na Lituânia), da diminuição do desemprego (à custa de algumas empresas multi-nacionais, que se deslocaram para esses países, para beneficiarem dos fundos estruturais, tal como fizeram em relação a Portugal em 1986) e do aumento das exportações. E não nos podemos esquecer que os novos dez Países estão situados mais perto dos nossos tradicionais importadores, como são os Países da Europa Central onde, provavelmente, serão colocados os mesmos produtos que até aqui exportávamos, com custos inferiores, nomeadamente, em transportes.
E, neste País à beira-mar plantado, continuamos, cada vez mais a investir, a concentrar a riqueza e a população no litoral (prevê-se em 2025 que 85% da população portuguesa esteja situada junto à costa), deixando o interior a caminho da desertificação (a agricultura definha) e nada se faz, senão promessas e intenções para inverter a situação. 
Vamos de mal a pior. E ninguém parece interessado em inverter esta tendência. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

BURAQUINHOS, BURACOS E BURACÕES


“Para que resulte o possível, deve ser tentado o impossível”
(Herman Hesse)

Um dia destes dei comigo a pensar na quantidade de BURACOS que, de uma forma ou de outra, comungam connosco no dia-a-dia. Sem dúvida que o mais preocupante de todos é o BURACO do ozono devido à influência directa que tem na vida dos habitantes do terceiro calhau do Sistema Solar. O seu efeito constata-se no aumento da temperatura em todo o planeta, o que consequentemente leva ao degelo dos glaciares, à transformação destes em icebergs e estes, finalmente, reflectindo-se no aumento do volume das águas dos oceanos, os quais invadem as costas provocando grandes BURACOS na orla marítima. Também o ciclo das estações anuais sofrem esses efeitos, com a descaracterização constante do seu percurso e influência na vida do planeta, seja de origem animal, da fauna ou da flora. Portugal, como não podia deixar de ser, também vai sofrendo os efeitos de tais fenómenos da natureza. 
Mas, infelizmente, não ficamos por aqui em matéria de BURACOS neste país à beira – mar plantado. A grande maioria dos Portugueses sobrevive entre BURACOS. Eles são os BURACOS do desenvolvimento, mais no interior do que no litoral, na construção de estradas, viadutos, túneis, urbanizações e de uma coisa moderna a que os tecnocratas e políticos da nossa praça chamam de METRO DE SUPERFÍCIE. Sempre pensei que os METROS se deslocavam em BURACOS. Mas não. As “modernices”, para evitarem os BURACOS, passam a fazê-los deslocar como se de um qualquer comboio se tratasse. Curiosamente, os Portalegrenses, no que a comboios diz respeito, têm um enorme BURACO de acessibilidade. E a tendência será para piorar se não forem tomadas iniciativas que o impeçam.
Mas há mais. Em matéria de BURACOS, Portugal é dos melhores da Europa.
É o BURACO do défice orçamental que se situa, em 2004 entre os 2,9% e os quase 5%, dependendo se o BURACO for observado por “olhos laranja ou olhos rosa”;
É o BURACO da R.T.P. a que os Portugueses pouco ligam a não ser que haja um “joguito de futebol”, pois para a “pimbalhice” há outros canais;
São os BURACOS nas empresas públicas, os quais podem ser observados no METROPOLITANO de Lisboa (agora também temos o do Porto sem BURACOS – o tal de superfície), da REFER, da CARRIS e da TAP. Todas estas empresas não deixam de aumentar os BURACOS para que as famílias dos funcionários possam, alegremente, viajar por conta do BURACO orçamental;
É o BURACO nas empresas que criam enormes BURACOS nas bolsas dos seus trabalhadores, os quais também vão, aqui e ali, ajudando para que a produtividade em Portugal seja a mais baixa da União Europeia;
É o BURACO em que os sucessivos Governos, das últimas duas décadas, meteram os Bacharéis e Licenciados (ao que parece mais de 40.000) que não arranjam colocação para desempenharem as funções para que se prepararam durante a sua vida escolar;
É o BURACO que o presente texto contém, onde cabem todas as preocupações dos Portugueses que continuam cépticos em relação ao futuro.
Quem não evita as pequenas faltas, pouco a pouco cai nas grandes. Os dias prósperos não vêm por acaso. Nascem de muita fadiga e muitos intervalos de desalento. Por isso mesmo, o êxito nunca é uma dádiva mas sim uma conquista.
ACABEM COM OS BURACOS pois, se não o fizerem, PORTUGAL NÃO TERÁ UM FUTURO AGRADÁVEL.
Manuel Alberto Morujo
(23 de Março de 2005)