segunda-feira, 28 de novembro de 2011

RECORDAR O RAUL CÓIAS DIAS

Não resisto, não resisto mesmo a publicar um pequeno trecho da tua "manta de retalhos de escritos de adolescência, alinhavada em cima do joelho, num claro exercício de narcisismo serôdio" como humildemente caracterizavas a tua excelente produção literária. Quem viveu como nós nos anos sessenta, em Portalegre, recordará, com a mesma saudade com que eu te sinto, esses belos tempos da nossa adolescência. Um Grande Abraço, Amigo. 




domingo, 27 de novembro de 2011

FUTURO CINZENTO, TALVEZ NEGRO


(Texto escrito e publicado em 6 de Fevereiro de 2004)

Portugal quis fazer parte da elite mundial e para isso ade­riu à União Europeia (na altura chamava-se Comunidade Económica Europeia). Estáva­mos em mil novecentos e oiten­ta e seis. Recebemos ajudas e criou-se uma dinâmica como se se tratasse dum País em vias de desenvolvimento. Aqui e  ali pareceu que a nossa mentalidade iria mudar e que deixaríamos de ser o País das baldas, do desleixo e das irresponsabilidades e  
passaría­mos a ser um Povo mais pro­dutivo, lutador incansável e criando riqueza para ser dis­tribuída com justiça social. 
Mas..."a montanha pariu um rato". A realidade está à vista, pon­do os Portugueses descrentes, depressivos, sem auto-estima ou referências e valores que possam alterar este estado de coisas.
A verdade é que, passados todos estes anos, as ajudas vão terminar deixando-nos, prati­camente, entregue a nós pró­prios. Em contrapartida, outros Povos mais atractivos, e com valores bem mais homogéneos e consistentes que nós, irão partilhar o nosso território de concorrência e receberão as ajudas idênticas às que nós já recebemos.
A abertura da União Europeia a Leste poderá vir a constituir o nosso maior problema, desde o vinte e cinco de Abril. Portu­gal, durante este período de apoios, não interiorizou que a produtividade era factor essencial para que pudésse­mos ser mais solidários, mais empreendedores, mais traba­lhadores, mais eficientes. Em cada sector, em cada activida­de, em cada empresa deveria ter estado presente que a "ga­linha dos ovos de ouro" seria efémera. E isso não aconteceu pois, du­rante aquele período, faltou uma cultura de responsabilida­de consistente e não soubemos interiorizar que a produtivida­de seria a primeira forma de solidariedade. Houve Portugueses para quem isto era óbvio e Por­tugueses para quem não o foi, assim como houve Portugue­ses que estiveram disponíveis e motivados para aquele desafio e Portugueses para quem o desafio era excessivo ou desne­cessário. O resultado está à vista: vive-se hoje em Portugal uma verdadeira tensão, uma tensão essencial­mente social que atravessa to­das as classes e condições. So­mos hoje o Povo menos pro­dutivo da União Europeia. Mas, por exemplo, são Portugueses vinte e cinco por cento dos trabalhadores do Luxemburgo, o Povo mais produtivo da Eu­ropa!
 Mas, o que está mal entre nós pois não alteramos os nos­sos maus hábitos? Creio, e cer­tamente muitos concordarão comigo, que o que está mal en­tre nós é o sistema político e, consequentemente, os que en­tendem dever regular a sua ac­ção segundo as necessidades do momento para chegarem mais facilmente a um resultado tem­porizador, aguardando as cir­cunstâncias oportunas. Chamo a isto OPORTUNISMO. Afir­mando-se contrariamente à verdade, que não é o que parece ser. Chamo a isto MENTIRA.
Pobre Povo, cuja PÁTRIA é a Língua Portuguesa.
Vamos deixar que isto continue assim, sem corrigir nada? Seremos incapazes de evitar que a História se repita?
Manuel Alberto Morujo

domingo, 20 de novembro de 2011

REVIVER O PASSADO EM PORTALEGRE

Perdi hoje um Amigo que sempre admirei, desde os idos anos sessenta. A sua elevada inteligência e qualidade intelectual, desde muito cedo despertaram a atenção dos que com ele conviviam. A sua partida, inesperada, trás-me à memória muito, bastante mesmo, do que com ele partilhei. Descansa em Paz, esta que por vezes em vida, amarguradamente, te fugiu. Nesta hora da despedida do Reino do Vivos, Amigo Raul Cóias Dias, presto-te a minha homenagem através de um texto que escrevi e publiquei em 26 de Julho de 2000 no Semanário Fonte Nova, a propósito de algumas publicações tuas no mesmo Semanário, durante algumas semanas:
Raulito
tinha saudades dos teus escritos daqueles que por vezes escrevias quando eras "guarda-redes" e não só mas também "pivot" na equipa de andebol do Liceu que nos ensinou a ser homens no tempo em que  as andorinhas anunciavam a chegada da primavera não aquela que era nossa colega mas a outra que era prenúncio da chegada das cegonhas  no tempo em que existia o "Romualdo e o "João da Praça" "o "Marchão e o Melhor do Mundo" o "Central e o Alentejano"onde jogávamos bilhar e cavalinhos falávamos de outras coisas que não aquelas que desejávamos naquele local de professores e intelectuais de poetas e escritores no canto perto do boneco que ainda lá está a anunciar a bebida que não bebíamos por preferirmos o tinto e o branco o cigarro e o isqueiro sem licença que usávamos às escondidas do fiscal que ali estava sempre presente para denunciar uma fraude à fazenda pública escrevias aqui e ali uma prosa um poema ausentavas-te para meditar e leres o Gorky ou o Sartre que nada nos diziam pois não o entendíamos como tu por não termos a tua   astúcia e ousadia alguns julgavam-te louco eu admirava a tua sensatez e inteligência mas finalmente voltaste Raul Cóias para quase todos Dias para muito poucos para nos trazeres os escritos estes sim dignos de perdermos algum tempo para nos deliciarmos com a tua prosa feita poesia com uma leitura e interpretação que mais ninguém conseguiu na época dos sessenta que vivemos em conjunto e hoje quase a entrar no terceiro milénio todos vamos contribuir para dares à luz o teu inédito de muitas páginas que descrevem a terra que Régio cantou
Um abraço do Manelito 

domingo, 13 de novembro de 2011

FORMIGAS "MARABUNTA" E GAFANHOTOS

Modéstia à parte, cada vez fico mais admirado como foi possível a um Cidadão Portalegrense que poucos - muito poucos mesmo - levaram a sério os seus escritos publicados em semanários regionais,ao ter antecipado e constatado que algo estava errado e que o País estava mal governado - muito mal mesmo - e que caminhava para o abismo, sem ninguém alterar o seu rumo como, infelizmente, hoje se confirma. Todavia, serve de conforto o que um Amigo, que além de o ser de sempre é meu companheiro de tertúlias musicais, me escreveu há dias: 
"Os espíritos independentes e frontais serão sempre incómodos, mas são eles que fazem avançar a sociedade e por isso aprecio e apoio os teus textos"
O texto que se segue foi escrito, e publicado, em 26 de Agosto de 2005

“É difícil manter de pé um saco vazio”

Após três semanas de férias, retomo esta relação semanal com os meus leitores com a convicção de que a separação, ocasional, foi benéfica para todos.
Tal como vem acontecendo, de há muitos anos a esta parte, desloquei-me para o centro do País para aí passar uns dias. Francamente, que interesse tem o leitor em saber onde passo férias, para o estar aqui a referir? A resposta é simples: quero partilhar consigo, caro leitor, que não gosto do Algarve. Gosto do clima mais ameno, de praias com mais iodo, de menor envolvência de betão e, acima de tudo, não gosto de ser tratado, no meu País, como cidadão de segunda e de ser explorado por quem quer que seja.
Durante o período de férias houve um tema que me foi audível com alguma frequência, quer por cidadãos residentes quer, fundamentalmente, por emigrantes. Esse tema, principalmente nas conversas de praia, era sobre a situação política, económica e social do País. Uns afirmavam que Portugal tem um nível de vida elevado e um índice de produtividade baixo, apontando como responsáveis o aumento sistemático dos combustíveis e o facto de muitos trabalhadores receberem, embora pouco, mais do que produzem; outros referiam que há muitos parasitas a viver à custa de salários e reformas principescas, não deixando de enunciar que há também aqueles que vivem da corrupção e da evasão fiscal;
poucos eram os que afirmavam que o pior era o drama central das contas públicas e o bloqueio que criam na actividade económica.
Bem, a questão sem dúvida que é essa, mas não da forma como muita comunicação social nos tenta fazer crer. Vejamos:
Sabendo-se que a actividade económica gira, toda ela, à volta dos combustíveis - que atingiram valores impensáveis antes da Guerra do Iraque - torna-se hoje impossível, num País pobre e dependente daquele produto como é o nosso, evitar que tudo aumente para além de qualquer previsão mais optimista;
Também é sabido que há milhares de trabalhadores, na Administração Pública, que recebem mais do que produzem, sejam eles ou não privilegiados, o que esmaga profundamente, pelo seu número, o Orçamento do Estado;
Sabendo-se não existirem dúvidas quanto aos privilégios escandalosos de alguns, considerando, em muitos casos, que as despesas são elevadas e imorais, não deixa de ser também verdade, em meu entender, que essas despesas não são tão relevantes, sobre o buraco orçamental como se pretende fazer crer. O dinheiro envolvido, nesses abusos, é irrelevante perante a dimensão da cratera, que é o défice orçamental;
Sabendo-se que a criação de riqueza e o aumento da economia está assente no sector empresarial (público e privado), a absorção das despesas públicas, no que toca a despesas com pessoal, é demasiado superior ao valor que o seu trabalho presta à sociedade. Invoca-se, com frequência, que a Administração Pública abusa de dinheiros mal gastos e que concedeu direitos ao nível dos auferidos em Países ricos. Pouco se fala, ou escreve, que, desde a entrada de Portugal na U.E., o salário real aumentou cerca de 4,7%, no sector estatal, contra os quase 2%, no sector privado. Tudo estaria bem, se o sector público contribuísse com algo comparável e proporcional, para o bem - estar nacional;
Sabendo-se que, nas estimativas mais generosas, o valor produzido no sector público é inferior ao produzido nas empresas, estão assim criadas as condições para a devastação do corpo nacional;
Sabendo-se, finalmente, que a única coisa que pode devastar uma selva não é a marcha dos elefantes mas a fome das “formigas marabunta” e que a planície não é arruinada por manadas de herbívoros mas por pragas de “gafanhotos” eis-nos perante o problema:
como evitar que o POVO PORTUGUÊS continue a ser dizimado? 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FAMÍLIA, VIZINHOS E AMIGOS

“A vida nem sempre é muito complicada; nós é que a complicamos.”
                            (Anónimo)

Caminhava pela rua, outrora o passeio público da cidade, na companhia dos meus pensamentos. Eis que sou abordado por um amigo, que há alguns tempos não me via. Cumprimentou-me. Eu respondi ao gesto amável. Conversa para aqui, conversa para ali, chegam à baila os meus escritos. Curiosamente, disse-me ele, gostava muito das crónicas que publicavas e nas quais acabavas por escrever sobre muita coisa, querendo escrever sobre nada.
Nisto, passa um outro amigo que de imediato é trazido para a conversa e confirma que o estilo lhe agradava, também.
Mas por que deixaste de escrever, perguntaram em uníssono, tão prezados amigos.
Razões várias, incómodos constantes, subtilezas cobardes, por vezes. Também as críticas infundadas de gente que diz “não me ler”, mas que gosta de deitar o olho aos meus escritos, numa tentativa de abater o“bicho”. Claro está que ao “bicho” - que mais não fazia do que gostava e sentia, sem ser pago para tal e muito menos para fazer promoção “a troco de mais uns trocos” - não lhe é indiferente. Prestar servilismo, qual mercenário comunicativo, elogiar o primo directo ou indirecto, que ninguém sabe quem é, enaltecer-se o que ninguém ouve ou lê, passar-se atestado de falta de idoneidade a quem a tem, tentar ofender quem tem dignidade, não faz, nem nunca fará parte do meu “cardápio”. Contudo, não resisto a escrever mais umas linhas para aqueles que me consideram, uma pequena minoria…e para os outros.
O País tem um novo Governo. Já deram por ele, com certeza, apesar dos poucos meses de vida. Como todos os “nados vivos”, depois de limpo e bem arranjadinho, foi apresentado “à família, aos amigos, aos vizinhos”. Mal abriu os olhos já era para te ver, “povo amigo e ordeiro”, feliz e acomodado neste resplandecente cantinho a ocidente nascido. Novidades são poucas ou muitas, consoante nos posicionemos a leste ou a oeste.
“A família, os amigos e os vizinhos” não deixarão nunca de andar com ele ao colo, com as melhores amas, deslocando-o nos melhores carros, habitando nas mais luxuriantes vivendas.
Mas dos outros nados vivos, com a mesma idade, o que se sabe? Que uns são filhos “dos familiares, dos amigos e dos vizinhos” do“nado vivo” e crescerão também. Mas aos outros, a grande maioria, o que lhes acontecerá? Alguns passarão fome e morrerão. Outros, mais bem felizes, sempre terão para comer e crescerão sem luxos e grandezas. Estarão à espera de entrar para a pré – primária se tiverem vagas e os pais dar-lhe-ão uma boa educação na expectativa de que as coisas melhorem. É a lei da vida: alguns sortudos nascem em berço de ouro; a maioria nem berço tem. Pobre mundo que tão mal tratas os teus. Pobre País que só dá para alguns viverem bem... ainda que poucos.
Manuel Alberto Morujo

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CONJUNTO ACADÉMICO "OS ATLAS"

Dedico, a todos aqueles que seguem este Blogue, o tema dos BEATLES, Eight Days a
Week, interpretado pelo Conjunto Académico Os Atlas (Portalegre), durante a Festa do seu 47º Aniversário, que teve lugar no passado dia 29 de Outubro, na Quinta das Hortas Velhas, Alvarrões, Marvão.