quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

OS PACÓVIOS


Quando, no final do século XX a Indonésia se apoderou de Timor-Leste, publiquei, no Semanário Fonte Nova, um texto através do qual me insurgi contra o facto da agressão sobre a maioria da população timorense, indefesa e isolada do resto do mundo, ter acontecido. Nessa altura, dois factos me levaram a ponderar quanto hipócrita e oportunista é a natureza humana:
Por um lado, o Papa vigente então, conhecedor dos acontecimentos vividos pelos Timorenses, não se inibiu de visitar a Indonésia, somente a Nação Muçulmana mais populosa do Mundo e... nem uma palavra teve contra essa agressão. Foram poucas as vozes que se manifestaram contra essa atitude. 
Nessa altura, tal como hoje, não deixou de ser curioso o repto que alguém lançou aos Portugueses para não adquirirem produtos oriundos daquele País Oriental. Mas não deixou de ser positivo que uma empresa Indonésia tivesse adquirido a então Finicisa, em Portalegre, garantindo os postos de trabalho de mais de 300 trabalhadores. Simultaneamente, muitos daqueles que condenavam a atitude dos Indonésios eram os mesmos que compravam, por exemplo, produtos da Adidas e da Nike manufacturados naquele território, e ao que se sabia, por mãos de milhares de trabalhadores infantis e explorados pelas multinacionais.
Hoje, tal como outrora, fiquei estupefacto com a tentativa de alguns "parolos", tentarem que os Portugueses deixassem de adquirir produtos no Pingo Doce, apenas, e só, pelo facto da empresa ter mudado para a Holanda a sede social da empresa por "ser o País que melhores garantias dá à iniciativa privada", cujas consequências, ao que parece, terão impacto "ZERO" nos cofres do Estado e... a manutenção de milhares de postos de trabalho.
Todavia, não deixa de ser estranho que, até ao momento, "os puristas" não tivessem surgido com qualquer movimento para punir todos aqueles que, ao longo da última década, levaram o País ao estado em que hoje se encontra e que, apesar da mais do que justificada "gestão danosa" continuem, nalguns casos, longe do País, e noutros, por aí "assobiando para o ar", agitando as suas penas de "galo no poleiro" e, mais grave do que tudo, atribuindo epítetos de "parvos" aos que, enquanto gestores de dinheiros públicos, tiveram a hombridade de não se aproveitarem deles. 
Que falsidade tão grande a que nos rodeia.

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