“Para que resulte o
possível, deve ser tentado o impossível”
(Herman Hesse)
Um dia destes dei comigo a pensar
na quantidade de BURACOS que, de uma
forma ou de outra, comungam connosco no dia-a-dia. Sem dúvida que o mais
preocupante de todos é o BURACO do
ozono devido à influência directa que tem na vida dos habitantes do terceiro
calhau do Sistema Solar. O seu efeito constata-se no aumento da temperatura em
todo o planeta o que consequentemente leva ao degelo dos glaciares, à
transformação destes em icebergs e estes reflectem-se no aumento do volume das
águas dos oceanos, os quais invadem as costas provocando grandes BURACOS na orla marítima. Também o
ciclo das estações anuais sofrem esses efeitos, com a descaracterização
constante do seu percurso e influência na vida do planeta, seja de origem
animal, da fauna ou da flora. Portugal, como não podia deixar de ser, também
vai sofrendo os efeitos de tais fenómenos da natureza. A seca, que temos vindo
a sofrer, é um dos resultados mais prejudiciais e que mais não é do que a
existência dum BURACO que a
humanidade tarda em acabar, dando cumprimento ao protocolo de Quioto.
Mas, infelizmente, não ficamos
por aqui em matéria de BURACOS neste
país à beira – mar plantado. A grande maioria dos Portugueses sobrevive entre BURACOS. Eles são os BURACOS do desenvolvimento, mais no
litoral do que “no Portugal profundo”, na construção de estradas, viadutos, túneis,
urbanizações e de uma coisa moderna a que, os tecnocratas e políticos, da nossa
praça, chamam de METRO DE SUPERFÍCIE. Sempre pensei que os METROS se deslocavam
em BURACOS. Mas não. As “modernices”, para evitarem os BURACOS, passam a fazê-los deslocar como se de um qualquer comboio
se tratasse. Curiosamente, os Portalegrenses, no que a comboios diz respeito,
têm um enorme BURACO de
acessibilidade.
Mas há mais. Em matéria de BURACOS, Portugal é dos melhores da
Europa.
É o BURACO do défice orçamental, que se situa em relação a 2004 entre
os 2,9% e os quase 5% - dependendo se o BURACO
for observado por “olhos laranja ou
olhos rosa”;
o BURACO da R.T.P., a que os Portugueses pouco ligam a não ser que
haja um “joguito de futebol”, pois
para a “pimbalhice” há outros canais;
o BURACO nas empresas públicas, os quais podem ser observados no
METROPOLITANO de Lisboa (agora também temos o do Porto, sem BURACOS – o tal de superfície), da
REFER, da CARRIS e da TAP. Todas estas empresas não deixam de aumentar os BURACOS para que as famílias dos
funcionários possam, alegremente, viajar por conta do BURACO orçamental;
o BURACO nas empresas que criam enormes BURACOS nas bolsas dos seus trabalhadores, os quais também vão,
aqui e ali ajudando para que a produtividade, em Portugal, seja a mais baixa da
União Europeia;
o BURACO em que os sucessivos Governos, das últimas duas décadas,
meteram os Bacharéis e Licenciados (ao que parece mais de 40.000) que não
arranjam colocação para desempenharem as funções para que se prepararam,
durante a sua vida escolar;
o BURACO que o presente texto contém, onde cabem todas as
preocupações dos Portugueses, que continuam cépticos em relação ao futuro.
Quem não evita as pequenas
faltas, pouco a pouco cai nas grandes. Os dias prósperos não vêm por acaso.
Nascem de muita fadiga e muitos intervalos de desalento. Por isso mesmo o êxito
nunca é uma dádiva mas sim uma conquista. Por favor, senhores Governantes ACABEM COM OS BURACOS pois, se não o
fizerem, PORTUGAL NÃO TERÁ UM FUTURO
AGRADÁVEL.
Manuel Alberto Morujo
(23 de março de 2005)
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