sábado, 12 de outubro de 2013

CORRUPÇÃO EM PORTUGAL? OLHE QUE NÃO.

Decorreu ainda pouco tempo desde que um eminente economista do F.M.I. afirmou: “se em Portugal não houvesse uma tão elevada taxa de corrupção, o nível de vida dos Portugueses seria idêntico ao dos Finlandeses”
Se adicionarmos a esta declaração as recentes entrevistas do Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, 
à revista “Visão” e do Deputado João Cravinho, ao matutino “Público”, ficamos a saber que perverter, viciar, seduzir e subornar são termos do léxico Português, muito mais usados do que aquilo que imaginamos. 
Ou, escrito de outra forma, a CORRUPÇÃO anda por aí.
Na verdade, o primeiro, que é responsável pelo pelouro do Urbanismo, tem a coragem de afirmar ainda no exercício das suas funções que “negócios imobiliários financiam dirigentes, campanhas e partidos”. E vai mais longe ao denunciar que os pelouros do Urbanismo estarão a transformar-se nos “coveiros da democracia e os partidos nas casas mortuárias”, o que não deixa de ser motivo de grande preocupação, pois mostra-nos um regime podre e com promiscuidades preocupantes.
Mas a afirmação mais objectiva, elucidativa e surpreendente, de Paulo Morais, é que “o Urbanismo é, na maioria das Câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados”.
Quanto ao segundo, que desempenha no Parlamento as funções de Presidente da Comissão de Economia e Finanças, afirmou, sem evasivas, que “nos últimos vinte anos nenhum Governo enfrentou, a sério, o problema da corrupção”. Vindo de quem vem esta frase, não deixa de ser elucidativo que há mesmo corrupção no País e que, ex - Primeiros – Ministros como Cavaco Silva, António Guterres e Durão Barroso, não criaram todos os mecanismos para evitar que esta “praga” se desenvolvesse. Recordo que, este antigo Ministro das Obras Públicas, já não é a primeira vez que, publicamente, aborda esta questão. Fê-lo, há uns anos, denunciando o que se passava na antiga Junta Autónoma das Estradas (J.A.E.), hoje Estradas de Portugal (E.P.), o que chegou a levar a Tribunal o antigo Presidente, Garcia dos Santos. Pouco se provou e o assunto caiu em esquecimento, por falta de provas.
Naturalmente que as afirmações referidas, em plena campanha eleitoral autárquica, levarão os cidadãos a pensar se a “doença” estará espalhada pelo território nacional ou se, por outro lado, está concentrada só nas grandes urbes. Todavia, a ponta do véu está levantada. Agora, deverão ser accionados os mecanismos para a execução de uma política nacional anti – corrupção, centrada na prevenção e inspecção por parte do Governo e na averiguação e obtenção de provas por parte do Ministério Público. O Povo Português deverá estar atento e não pode permitir que as assimetrias, entre os que dependem dos empregos - os eternos sacrificados - e os outros, que usam os poderes públicos, se acentuem. Temos tido alguns exemplos em que a justiça tem sido imparável, quando encontra provas, como nos casos recentes da Brigada de Trânsito e no caso conhecido como “as facturas falsas”. Se existe promiscuidade entre as diversas forças políticas, dirigentes, famosos escritórios de advogados e certos grupos empresariais, como afirmou Paulo Morais, urge pôr cobro, o mais rapidamente a esse estado de coisas, para que o regime não seja posto em causa. Os vestígios do corporativismo ainda são evidentes e, se não forem atacados, continuarão a arruinar o País. Por isso, o Governo não deverá ceder a interesses e movimentações que possam pôr em causa o regime democrático, sob pena de voltarmos a ser um País adiado e sem futuro. 
MANUEL MORUJO
(Publicado no Distrito de Portalegre em 16.09.2005)

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