quarta-feira, 15 de junho de 2011

ENTREVISTA DE MATA CÁCERES, EM DEZEMBRO DE 2003

Fui dos poucos que cedo deixei de acreditar no projecto do agora demissionário Presidente da Câmara de Portalegre. E não me limitei a dizê-lo, como é costume dos "Lagóias", às escondidas pedindo segredo, para logo o divulgarem em tertúlias mais ou menos "conspiradoras". Fi-lo, através da Comunicação Social Local, numa tentativa de ajudar a ver o que estava à vista de todos e que, cegos que queremos ser, não víamos o evidente: que as promessas seriam, em grande parte, irrealizáveis.
Em Dezembro de 2003, fiz uma entrevista ao agora demissionário Presidente da Câmara de Portalegre, que publiquei no Distrito de Portalegre. É uma extensa entrevista, temática, que irei reproduzir a partir de hoje. Deste modo, quero trazer agora e aqui, para análise dos leitores, o que foi dito na altura.
1º TEMA

DESLOCALIZAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS
“Neste momento há perto de sessenta empresas pendentes de se instalarem em Portalegre”

Em que ponto está a deslocalização das infra-estruturas existentes na cidade tais como a Robinson, a Adega Corporativa, a Serraleite, a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, as Oficinas da Câmara…
E a própria Câmara. Estamos a falar, em concreto, dum movimento ambicioso. Nem sequer estamos a falar da pequena oficina, da pequena organização que está no interior da cidade e que, do ponto de vista ambiental e a todos os níveis, tem vantagens em ser deslocada. Todas as entidades citadas estão, nesta altura, a ser intervencionadas. O que é que está em causa? A primeira condição era a existência de terrenos, na zona industrial, para dar acolhimento a estas entidades.
Não existiam?
Não. Mas agora já existem, pois foram adquiridos. O processo está numa fase adiantada do plano de pormenor. Todas as entidades já sabem, neste momento, o sítio onde se vão instalar e já estão a desenvolver procedimentos ao nível burocrático. Cremos mesmo, que outras entidades tenham ali o seu espaço de acolhimento. Estamos mesmo empenhados em acabar com alguma especulação, que existia à volta dos terrenos, em que entidades terceiras tiravam partido de negócios, em grande parte porque a oferta era de tal forma escassa, que prejudicava quem ali se queria instalar. Neste momento, a oferta vai aumentar drasticamente. O plano de pormenor vai atingir uma ordem de grandeza dos duzentos e muitos hectares, contra os cinquenta e qualquer coisa que existiam. Não estão todos comprados. Mas está tudo planificado e projectado, para poder começar a ser encetado este movimento. O que estamos a tentar é que tudo isto aconteça em simultâneo. Enquanto estamos ainda a cuidar do plano de pormenor, que vai gerir todo o espaço de acolhimento na zona industrial, vamos dando a possibilidade às pessoas, às empresas e às entidades, para irem desenvolvendo os seus procedimentos.
Há alguma novidade quanto a projectos de novas empresas, para se instalarem em Portalegre?
Neste momento há perto de sessenta empresas pendentes de se instalarem em Portalegre. Umas maiores, outras mais pequenas. Não temos nenhuma multinacional com quinhentos trabalhadores. Mas também penso que, se tivéssemos alguma empresa com quinhentos trabalhadores, amanhã não tínhamos capacidade de resposta para ela. Mas isso é outra questão. Estou em crer que, de um momento para o outro, vão começar estas coisas todas a alterarem-se logo que começar a ser construído o prolongamento da Av. Francisco Fino e se começar a visualizar aquilo que é a nova filosofia da zona industrial, com uma transferência agregada de serviços desde as instalações da CERCI, com infantários, centro de dia, lares e eventualmente alguns investimentos na área da saúde, posto de abastecimento de combustível, estando previsto também um motel de estrada.
No referente às novas instalações da Câmara Municipal de Portalegre, em que ponto estão?
Gostaria de acrescentar que, quando for publicada esta entrevista, já terá ido à reunião de Câmara o projecto do novo edifício da Câmara Municipal. Na semana passada, já foi aprovado o estudo prévio do projecto das novas oficinas. São coisas que levam mais tempo, do que aquilo que gostaria. Mas estamos a atingir as condições necessárias e suficientes para passar do papel à obra. O que constato é que a parte burocrática é mais morosa do que a própria obra. São as regras que não se conseguem dominar.         


3 comentários:

  1. Sou Portalegrense. Embora não resida na minha cidade, visito-a quase semanalmente. Não faço ideia como vim dar com o seu blog...mas lamentavelmente aconteceu. É ridículo a analise que faz aqui, porque esta a contradizer-se. O senhor não acreditou no projeto do presidente da câmara municipal em 2003, mas agora passados estes anos, constata-se que praticamente tudo o que foi prometido (de iniciativa municipal) realizou-se....tudo o que foi prometido e muito mais que não foi, muito do qual não constou em programas de publicidade eleitoral. Se até agora não foi construído mais, culpe os socialistas da cidade, a crise e limitações de verbas, o desprezo que o estado central tem perante a cidade, a falta de qualidade dos deputados e pessoas que defendam Portalegre, etc. Já falando da falta de empresas e investimentos na cidade,. queira entender que isso não diz respeito à câmara, mas sim aos privados. Não tenho nada contra, nem a favor de Mata Cáceres, mas uma coisa eu esperava nas cabeças ocas dos meus conterrâneos, que após todo o trabalho e revolução que este homem criou, aprendem-se a dar mais valor à sua terra e criam-se uma mentalidade de ambição e união perante um desenvolvimento que se quer constante e urgente para esta capital de distrito.
    O senhor pelos vistos não ambiciona isso, prefere voltar a ter um presidente de câmara como qualquer um os outros anterior a este, que por mandato não faça mais do que realizar as festas da cidade e ponto final

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  2. Agradeço o comentário que fez ao texto que escrevi e publiquei no meu blog, o qual "lamentavelmente encontrou".
    Começo por referir que aquilo que escrevi, logo no início do texto, se comprova:os "Lagóias" têm por hábito não dar a cara, como se comprova aqui pelo seu anonimato, pois assim é mais fácil passar à ofensa e aos impropérios. "Cabeça oca" a minha por ter uma opinião, desde há muitos anos, sobre o rumo que Portalegre estava a levar? Mas não deixa de ser curioso que, em sua opinião, os responsáveis são " os malandros" dos socialistas e dos empresários, numa tentativa de "branquear" a gestão de Mata Cáceres.
    Mas numa coisa estou de acordo consigo, SR. JOAQUIM RAPOSO (assim se identifica a caixa de correio donde foi enviada a mensagem): os Deputados que têm sido eleito pelo Distrito de Portalegre são, com destaque para Miranda Calha, também grandes responsáveis pelo que aconteceu a Portalegre e ao Distrito. Miranda Calha, que o actual Presidente demissionário condecorou, no passado 23 de Maio, depois de dizer "cobras e lagartos" sobre ele. Mas, "não tape o sol com a peneira" e denomine de "cabeças ocas" os que governaram o Concelho de Portalegre e, já agora, o País, durante, pelo menos, o Séc. XXI.

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  3. Queira-me desculpar, em primeiro lugar pela invasão no seu blog e em segundo lugar por proferir algum comentário que tenha ferido a sua sensibilidade. Mas na condição de comentar as suas afirmações e o que expressa, em alguma palavra menos própria da minha parte, queira entender que poderá ser fruto da minha espontaneidade, esta que julgo ser inerente á sua forma de se expressar, porque havendo liberdade de dizermos o que pensamos, eu sou livre de analisar aquilo que escreve. Quando o senhor refere que eu acuso “os malandros” dos socialistas e empresários, como tentativa de branquear a gestão de Mata Cáceres, caro senhor, nem conheço pessoalmente o presidente de câmara, mas uma coisa que eu não faço é acusar alguém sem fundamentação. Já o senhor contraria-se nos comentários que faz e quantos mais argumentos expressa, mais razão perde nas ideias que tenta formular. Infelizmente não é o único, provavelmente ate é influenciado por opiniões terceiras ou porque simplesmente lhe convêm ou lhe apetece. Quando eu falo de “socialistas”, refiro-me ao historial da cidade de Portalegre, porque não tenho memoria curta e porque tenho a plena consciência de razoes e causas do atraso da cidade de Portalegre. Já relativamente aos empresários, não lhes chamo “malandros”, mas chamo-lhes infortunados por Portalegre não ser competitiva ao nível de outras cidades e capitais de distrito e disto Mata Cáceres não tem culpa, muito pelo contrario. Pois não está ao seu alcance como um simples presidente de câmara criar as condições que Castelo Branco, Évora e etc já dispoem, casos de infra-estruturas rodoviárias e todos os outros projetos de índole nacional.
    A cidade de Portalegre sofre de um atraso de desenvolvimento de varias décadas, fruto de uma má gestão anterior ao atual presidente demissionário, de uma apatia e falta de ambição que esta enraizada na própria cultura de muitos portalegrenses. O próprio tentou recupera-la com uma gestão que poderá chama-la de financeiramente ruinosa, mas que também poderia chama-la de urgente e necessária.
    A minha indignação está no seguinte: A conformação com o nada fazer e repugna pelo fazer demasiado. O desenvolvimento de uma cidade é fruto daquilo que nos queremos dela e em relação a minha eu quero sempre mais e o melhor.

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