(Texto escrito em Fevereiro de 2004)
Portugal quis fazer parte da elite mundial e, para isso, aderiu à União Europeia. Estávamos em mil novecentos e oitenta e seis. Recebemos ajudas e criou-se uma dinâmica como se tratasse de um País em vias de desenvolvimento. Aqui e ali, pareceu que a nossa mentalidade iria mudar, que deixaríamos de ser o País das baldas, do desleixo, das irresponsabilidades e passaríamos a ser um Povo mais produtivo, lutadores incansáveis criando riqueza, para ser distribuída, por todos, com justiça social. Mas..."a montanha pariu um rato". A realidade aí está, pondo os Portugueses descrentes, depressivos, sem auto-estima, sem referências e valores que possam alterar este estado de coisas.
A verdade é que, passados todos estes anos, as ajudas vão terminar, deixando-nos praticamente entregues a nós próprios. Em contrapartida outros Povos, mais atractivos e com valores bem mais homogéneos e consistentes do que nós, irão partilhar o nosso território de concorrência e receber ajudas idênticas às que nós já recebemos. Torna-se assim importante consciencializarmo-nos de que, a abertura da União Europeia a Leste, poderá vir a constituir o nosso maior problema, desde o vinte e cinco de Abril.
Portugal, durante este período em que recebeu apoios, não interiorizou que a produtividade era factor essencial para que pudéssemos ser mais solidários, mais empreendedores, mais trabalhadores, mais eficientes. Em cada sector, em cada actividade, em cada empresa deveria ter estado presente, que a "galinha dos ovos de ouro" seria efémera. E, não tendo sido assim, terá faltado uma cultura de responsabilidade consistente, que impediu de interiorizar que a produtividade é a primeira forma de solidariedade. Entretanto, nem todos os Portugueses entenderam que isto era óbvio, embora tenha havido muitos que estiveram disponíveis e motivados para aquele desafio, assim como houve outros entendendo que o desafio era excessivo ou desnecessário. Em consequência disso, vive-se hoje em Portugal uma verdadeira tensão, uma tensão essencialmente social, que atravessa todas as classes e condições. Somos hoje o Povo menos produtivo da União Europeia. E, por exemplo, são Portugueses vinte e cinco por cento dos trabalhadores do Luxemburgo, o Povo mais produtivo da Europa.
Mas o que é que está mal entre nós, pois não alteramos os nossos maus hábitos? Creio, e certamente muitos concordarão comigo que, uma das coisas que está mal entre nós, é o sistema político e, consequentemente, os que entendem dever regular a sua acção segundo as necessidades do momento, para chegarem mais facilmente a um resultado temporizador, aguardando as circunstâncias oportunas. Chamo a isto OPORTUNISMO.
Pobre Povo, cuja PÁTRIA é a Língua Portuguesa.
(Manuel Alberto Morujo)
(Manuel Alberto Morujo)
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