quarta-feira, 8 de junho de 2011

A PÁTRIA ESTÁ DOENTE

(Texto escrito em Fevereiro de 2004)
Portugal quis fazer parte da elite mundial e, para isso, ade­riu à União Europeia. Estáva­mos em mil novecentos e oiten­ta e seis. Recebemos ajudas e criou-se uma dinâmica como se tratasse de um País em vias de desenvolvimento. Aqui e ali, pareceu que a nossa mentalidade iria mudar, que deixaríamos de ser o País das baldas, do desleixo, das irresponsabilidades e passaría­mos a ser um Povo mais pro­dutivo, lutadores incansáveis criando riqueza, para ser dis­tribuída, por todos, com justiça social. Mas..."a montanha pariu um rato". A realidade aí está, pon­do os Portugueses descrentes, depressivos, sem auto-estima, sem referências e valores que possam alterar este estado de coisas.
A verdade é que, passados todos estes anos, as ajudas vão terminar, deixando-nos prati­camente entregues a nós pró­prios. Em contrapartida outros Povos, mais atractivos e com valores bem mais homogéneos e consistentes do que nós, irão partilhar o nosso território de concorrência e receber ajudas idênticas às que nós já recebemos. Torna-se assim importante consciencializarmo-nos de que, a abertura da União Europeia a Leste, poderá vir a constituir o nosso maior problema, desde o vinte e cinco de Abril.
Portu­gal, durante este período em que recebeu apoios, não interiorizou que a produtividade era factor essencial para que pudésse­mos ser mais solidários, mais empreendedores, mais traba­lhadores, mais eficientes. Em cada sector, em cada actividade, em cada empresa deveria ter estado presente, que a "ga­linha dos ovos de ouro" seria efémera. E, não tendo sido assim, terá faltado uma cultura de responsabilida­de consistente, que impediu de interiorizar que a produtivida­de é a primeira forma de solidariedade. Entretanto, nem todos os Portugueses entenderam que isto era óbvio, embora tenha havido muitos que estiveram disponíveis e motivados para aquele desafio, assim como houve outros entendendo que o desafio era excessivo ou desne­cessário. Em consequência disso,  vive-se hoje em Portugal uma verdadeira tensão, uma tensão essencial­mente social, que atravessa to­das as classes e condições. So­mos hoje o Povo menos pro­dutivo da União Europeia. E, por exemplo, são Portugueses vinte e cinco por cento dos trabalhadores do Luxemburgo, o Povo mais produtivo da Eu­ropa. 
Mas o que é que está mal entre nós, pois não alteramos os nos­sos maus hábitos? Creio, e cer­tamente muitos concordarão comigo que, uma das coisas que está mal en­tre nós, é o sistema político e, consequentemente, os que en­tendem dever regular a sua ac­ção segundo as necessidades do momento, para chegarem mais facilmente a um resultado tem­porizador, aguardando as cir­cunstâncias oportunas. Chamo a isto OPORTUNISMO.
Pobre Povo, cuja PÁTRIA é a Língua Portuguesa.


(Manuel Alberto Morujo)

Sem comentários:

Enviar um comentário