terça-feira, 19 de julho de 2011

A GLOBALIZAÇÃO

“NÃO LOUVO, NEM CONDENO”
Padre António Vieira (1608-1697)

O mundo conturbado em que hoje vivemos, não deixa de ser a consequência lógica duma alteração de valores, e referências, por a sociedade não ter conseguido reconhecer e acompanhar as aceleradas mudanças universais dos costumes, das questões morais e éticas, do conceito do bem e do mal e do respeito pelos direitos dos seres humanos que, para muitos, não são mais do que sofismas.
A liberdade é o fundamento necessário da ordem moral e, ser-se livre, consiste no reconhecimento das leis da nossa possibilidade de acção, dentro dos limites estabelecidos e exigidos pela ordem social. É o poder fazer, ou deixar de fazer alguma coisa, e levar uma vida digna de si e da sociedade humana. Na verdade, negada a liberdade deixam de existir acções moralmente boas ou más, deixa de existir a obrigação e o direito, a responsabilidade e a sanção e o motivo para evitar as acções más, assim como o estímulo das boas, isto é, deixa de existir toda a vida moral.
E foi certamente porque estes conceitos não foram aprofundados, ou pelo menos não foram suficientemente geridos, o que me leva a pensar que a globalização foi efectuada apressadamente num tempo de inexistência da paz, pois esta nunca existiu desde a II Grande Guerra como provam os conflitos existentes desde então. Por isso, constato, face aos recentes acontecimentos, que foi a ausência de regras comuns de coexistência humana o que levou a que a intranquilidade e perturbação nas sociedades ditas ocidentais e desenvolvidas, permitisse que, tranquilamente, se desenvolvessem algumas abominações em regiões longínquas nas quais se cometem crimes hediondos. A inquisição levou tempo a desaparecer. E os teólogos protestantes não eram melhores do que os “talibans” ou os “totalitaristas”.
Não me estou a ver num mundo fundamentalista. O que esta gente quer no fundo é pôr em causa as conquistas da melhoria do nível de vida de algumas populações. Mas também aqueles que se dizem do mundo “livre” não quiseram, por razões de interesses vários, contribuir para as desigualdades existentes. Deixemos de hipocrisias: a globalização foi um erro pelo menos na simplicidade com que apareceu. E a prova disso são:
Os recentes atentados em Madrid e na Palestina, como o têm sido, constantemente, em Israel e no Iraque;
As constantes preocupações em que vive hoje o mundo ocidental - devido ao facto de não ser construída a paz nos locais de maior conflito, onde o nível de vida das populações está abaixo da miséria;
As mentes perversas, que continuam a olhar para o “umbigo” e não encaram a realidade do início do século XXI;
As posições extremas de radicalismo quer venham do Oriente ou do Ocidente.
Quem consegue alterar o percurso da história, que se avizinha de terror? Tenho sérias dúvidas que se consiga, tão depressa quanto o desejado.
 Manuel Alberto Morujo
(Distrito de Portalegre, 26 de Março de 2004)

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