segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FAMÍLIA, VIZINHOS E AMIGOS

“A vida nem sempre é muito complicada; nós é que a complicamos.”
                            (Anónimo)

Caminhava pela rua, outrora o passeio público da cidade, na companhia dos meus pensamentos. Eis que sou abordado por um amigo, que há alguns tempos não me via. Cumprimentou-me. Eu respondi ao gesto amável. Conversa para aqui, conversa para ali, chegam à baila os meus escritos. Curiosamente, disse-me ele, gostava muito das crónicas que publicavas e nas quais acabavas por escrever sobre muita coisa, querendo escrever sobre nada.
Nisto, passa um outro amigo que de imediato é trazido para a conversa e confirma que o estilo lhe agradava, também.
Mas por que deixaste de escrever, perguntaram em uníssono, tão prezados amigos.
Razões várias, incómodos constantes, subtilezas cobardes, por vezes. Também as críticas infundadas de gente que diz “não me ler”, mas que gosta de deitar o olho aos meus escritos, numa tentativa de abater o“bicho”. Claro está que ao “bicho” - que mais não fazia do que gostava e sentia, sem ser pago para tal e muito menos para fazer promoção “a troco de mais uns trocos” - não lhe é indiferente. Prestar servilismo, qual mercenário comunicativo, elogiar o primo directo ou indirecto, que ninguém sabe quem é, enaltecer-se o que ninguém ouve ou lê, passar-se atestado de falta de idoneidade a quem a tem, tentar ofender quem tem dignidade, não faz, nem nunca fará parte do meu “cardápio”. Contudo, não resisto a escrever mais umas linhas para aqueles que me consideram, uma pequena minoria…e para os outros.
O País tem um novo Governo. Já deram por ele, com certeza, apesar dos poucos meses de vida. Como todos os “nados vivos”, depois de limpo e bem arranjadinho, foi apresentado “à família, aos amigos, aos vizinhos”. Mal abriu os olhos já era para te ver, “povo amigo e ordeiro”, feliz e acomodado neste resplandecente cantinho a ocidente nascido. Novidades são poucas ou muitas, consoante nos posicionemos a leste ou a oeste.
“A família, os amigos e os vizinhos” não deixarão nunca de andar com ele ao colo, com as melhores amas, deslocando-o nos melhores carros, habitando nas mais luxuriantes vivendas.
Mas dos outros nados vivos, com a mesma idade, o que se sabe? Que uns são filhos “dos familiares, dos amigos e dos vizinhos” do“nado vivo” e crescerão também. Mas aos outros, a grande maioria, o que lhes acontecerá? Alguns passarão fome e morrerão. Outros, mais bem felizes, sempre terão para comer e crescerão sem luxos e grandezas. Estarão à espera de entrar para a pré – primária se tiverem vagas e os pais dar-lhe-ão uma boa educação na expectativa de que as coisas melhorem. É a lei da vida: alguns sortudos nascem em berço de ouro; a maioria nem berço tem. Pobre mundo que tão mal tratas os teus. Pobre País que só dá para alguns viverem bem... ainda que poucos.
Manuel Alberto Morujo

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