domingo, 20 de novembro de 2011

REVIVER O PASSADO EM PORTALEGRE

Perdi hoje um Amigo que sempre admirei, desde os idos anos sessenta. A sua elevada inteligência e qualidade intelectual, desde muito cedo despertaram a atenção dos que com ele conviviam. A sua partida, inesperada, trás-me à memória muito, bastante mesmo, do que com ele partilhei. Descansa em Paz, esta que por vezes em vida, amarguradamente, te fugiu. Nesta hora da despedida do Reino do Vivos, Amigo Raul Cóias Dias, presto-te a minha homenagem através de um texto que escrevi e publiquei em 26 de Julho de 2000 no Semanário Fonte Nova, a propósito de algumas publicações tuas no mesmo Semanário, durante algumas semanas:
Raulito
tinha saudades dos teus escritos daqueles que por vezes escrevias quando eras "guarda-redes" e não só mas também "pivot" na equipa de andebol do Liceu que nos ensinou a ser homens no tempo em que  as andorinhas anunciavam a chegada da primavera não aquela que era nossa colega mas a outra que era prenúncio da chegada das cegonhas  no tempo em que existia o "Romualdo e o "João da Praça" "o "Marchão e o Melhor do Mundo" o "Central e o Alentejano"onde jogávamos bilhar e cavalinhos falávamos de outras coisas que não aquelas que desejávamos naquele local de professores e intelectuais de poetas e escritores no canto perto do boneco que ainda lá está a anunciar a bebida que não bebíamos por preferirmos o tinto e o branco o cigarro e o isqueiro sem licença que usávamos às escondidas do fiscal que ali estava sempre presente para denunciar uma fraude à fazenda pública escrevias aqui e ali uma prosa um poema ausentavas-te para meditar e leres o Gorky ou o Sartre que nada nos diziam pois não o entendíamos como tu por não termos a tua   astúcia e ousadia alguns julgavam-te louco eu admirava a tua sensatez e inteligência mas finalmente voltaste Raul Cóias para quase todos Dias para muito poucos para nos trazeres os escritos estes sim dignos de perdermos algum tempo para nos deliciarmos com a tua prosa feita poesia com uma leitura e interpretação que mais ninguém conseguiu na época dos sessenta que vivemos em conjunto e hoje quase a entrar no terceiro milénio todos vamos contribuir para dares à luz o teu inédito de muitas páginas que descrevem a terra que Régio cantou
Um abraço do Manelito 

2 comentários:

  1. Não sabia que já não estavas aqui, mas que partiste para o reino da observação dos que cá ficaram.
    Que dizer?
    Aprendi contigo, e foste modelo da minha reprodução de vida.
    Todos tentamos imitar alguém, tu foste a imagem do que queria ser.
    Até saltei da prancha de 10 metros da piscina, porque o fazias.
    Depois, perdi-te o rastro.
    Soube que foste.
    Um dia que me toque ir, diz-me onde estás, para se puder decidir, ir para perto de ti.
    Gostei que vivesses na partilha do meu tempo.

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  2. Muito lindo o comentário do Manuel Ibérico. O Raul Vai continuar a inspirar.nos sempre.

    António Bagorro

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