segunda-feira, 30 de julho de 2012

O QUE NOS IRÁ ACONTECER?


(Parte de um texto publicado, no Distrito de Portalegre, em 6 de Fevereiro de 2004)     

Portugal quis fazer parte da elite mundial e, para isso, ade­riu à União Europeia (na altura chamava-se Comunidade Económica Europeia). Estáva­mos em mil novecentos e oiten­ta e seis. Recebemos ajudas e criou-se uma dinâmica como se fossemos um País em vias de desenvolvimento. Aqui e além pareceu que a nossa mentalidade iria mudar e que deixaríamos de ser o País das baldas, do desleixo e das irresponsabilidades. Que passaría­mos a ser um Povo mais pro­dutivo e lutador incansável, criando riqueza para ser dis­tribuída com justiça social e diminuir as assimetrias. Mas... "a montanha pariu um rato". A realidade aí está, pon­do os portugueses descrentes, depressivos, sem auto-estima, sem referências, sem valores que possam alterar este estado de coisas.
A verdade é que, passados todos estes anos, as ajudas vão terminar deixando-nos, prati­camente, entregues a nós pró­prios. Em contrapartida, outros Povos mais atractivos e com valores bem mais homogéneos e consistentes do que nós, irão partilhar o nosso território de concorrência e receberão ajudas  idênticas às que nós já obtivemos. 
A abertura da União Europeia, a Leste, poderá assim vir a constituir o nosso maior problema desde o vinte e cinco de Abril. Infelizmente, os sucessivos Governos (ou desgovernos?) não souberam (ou não quiseram?) durante este período interiorizar que a produtividade era factor essencial para que pudésse­mos ser mais solidários, mais empreendedores, mais traba­lhadores, mais eficientes. Em cada sector, em cada activida­de, em cada empresa deveria ter estado presente que, a "ga­linha dos ovos de ouro", seria efémera. E foi por ter faltado, du­rante aquele período, uma cultura de responsabilida­de consistente no sentido de fazer entender que a produtivida­de é a primeira forma de solidariedade, que chegámos a este estado. Embora tenha havido Portugueses para quem isto era óbvio, houve alguns para quem não o era,  assim como também houve Portugue­ses que estavam disponíveis e motivados para aquele desafio e outros para quem o desafio era excessivo ou desne­cessário.
Face ao acontecido, vive-se hoje em Portugal uma verdadeira tensão, uma tensão essencial­mente social que atravessa to­das as classes e condições. So­mos hoje o Povo menos pro­dutivo da União Europeia. Mas, por exemplo, são Portugueses vinte e cinco por cento dos trabalhadores do Luxemburgo, o Povo mais produtivo da Eu­ropa!
 Mas o que está mal entre nós pois não alteramos os nos­sos maus hábitos? Creio, e cer­tamente muitos concordarão comigo, que o que está mal é o sistema político (ou melhor, os que utilizam o sistema político) para orientarem a sua ac­ção segundo as necessidades do momento, a fim de poderem chegar mais facilmente a um resultado tem­porizador, aguardando as cir­cunstâncias oportunas muitas das vezes em proveito próprio…e do seu clã. Chamo a isto OPORTUNISMO, contrariando a verdade usando a MENTIRA.
Pobre Povo, cuja PÁTRIA é a Língua Portuguesa que teve, e tem tanta “podridão” a gerir os nossos destinos. E, se continuarmos de­satentos, a História ir-se-á repetindo ano após ano, década após década.
Manuel Alberto Morujo

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