segunda-feira, 30 de julho de 2012

30 DE FEVEREIRO DE 2013


Pouco passava das sete horas quando o Sol começou a despontar por detrás do casario situado no Atalaião. Perspectivava-se um dia cheio de emoções, inesquecível para todos os Portalegrenses, quer fossem ou não autóctones. A cidade apresentava-se, como outrora, com o seu casario resplandecente, engalanada de camélias de cores rosadas e brancas. As ruas principais, por onde mais tarde iria passar a comitiva oficial, apresentavam já um movimento desusado com muitos trabalhadores camarários a aprestarem-se a dar os últimos retoques de limpeza. Nalgumas das sacadas, também denominadas por balcões de janelas, viam-se também as primeiras colchas de várias cores esvoaçando com a leve brisa que soprava de Leste. À medida que o tempo decorria, o movimento citadino aumentava e as caras dos passantes exteriorizavam uma alegria indescritível como se algo de extraordinário estivesse a acontecer. Vindo de não muito longe, ouviam-se os primeiros acordes de instrumentos musicais de sopro e um rufar de tambores cujo som aumentava à medida que deles nos aproximávamos. O Rossio, a sala de recepção de visitas por excelência, apresentava já uma excelente moldura humana e as altas individualidades locais misturavam-se com “a plebe” agradecendo, com sorrisos rasgados, os agradecimentos que lhes eram dirigidos. “Finalmente alguém prometeu e fez algo pela nossa terra”, secundado por outras expressões como “honra e glória a quem soube tirar-nos do isolamento” eram as expressões mais ouvidas quando o Presidente Autárquico, engravatado e vestido a primor para a ocasião, deambulava por entre a multidão. 
Num repente a agitação aumenta. “Os figurões” da cidade colocam-se nos locais que previamente lhes haviam sido destinados e o roncar das motos anuncia que estão chegando “os figurões” nacionais.
Mas a que se deve tudo isto, tamanha manifestação de regozijo nunca antes vista por “estas bandas”?
Efectivamente, e tal como havia sido prometido anos atrás pelo “figurão-mor”, a cidade transformou-se num dos maiores centros do Mundo na feitura de jogos para PLAYSTATION e podia agora orgulhar-se de ter uma população com mais de cinquenta mil habitantes, na qual a fixacção dos jovens se transformara em realidade e o mercado habitacional está em alta. Mas também o Aeroporto da Abrunheira finalmente apresenta um movimento só visto nos Aeroportos Internacionais, a Estação de Caminho-de-Ferro na zona dos Telheiros (velha aspiração Portalegrense) a fazer esquecer que a Estação Ferroviária mais perto da cidade fosse a do Fratel, assim como a nova Estação Rodoviária, finalmente activada. A hotelaria, ora insuficiente, oferece agora uma resposta condigna e a principal artéria da cidade volta a ter uma oferta comercial só equiparável às grandes metrópoles, a par do Centro Comercial de São Mamede.
Entretanto, a “velhinha” Banda da Euterpe fazia-se ouvir agora em uníssono, os foguetes trovejavam, a multidão batia palmas e ovacionava “os figurões” autóctones e não autóctones e…ACORDO SOBRESSALTADO!
AFINAL ESTAVA A SONHAR.
Manuel Alberto Morujo

3 comentários:

  1. Meu Amigo Manuel Alberto sempre o tive em conta também como um excelente executante musical, mas acerca do conteúdo do seu sonho, desta data,poderia ter percebido tratar-se de "música demais".

    carlossantanapires@gmail.com

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  2. Caro Amigo Carlos,
    agradeço o seu comentário, naturalmente agradável na apreciação musical. Mas os sonhos, são sonhos e dificilmente os podemos modificar na vida real.
    Como escreveu António Gedeão,
    Eles não sabem, nem sonham,
    que o sonho comanda a vida,
    que sempre que um homem sonha
    o mundo pula e avança...
    Um abraço

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  3. "Finalmente alguém prometeu e fez algo pela nossa terra". Pois, nesta passagem vi logo que estava sonhar. A realidade é (quase) um pesadelo.

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