O texto que se segue foi escrito em Setembro de 2005
Decorreu ainda pouco tempo desde
que um eminente economista do Fundo Monetário Internacional (F.M.I.) afirmou “se em Portugal não houvesse uma tão elevada
taxa de corrupção, o nível de vida dos Portugueses seria idêntico ao dos Finlandeses”.
Se adicionarmos a esta declaração
a recente entrevista à revista “Visão”, do Vice-Presidente da Câmara Municipal
do Porto Paulo Morais, ficamos a saber que perverter,
viciar, seduzir e subornar são
termos do léxico Português muito mais usados do que aquilo que imaginamos. Ou,
escrito de outra forma, a CORRUPÇÃO
anda por aí.
Na verdade, Paulo Morais, que é
responsável pelo pelouro do Urbanismo, tem a coragem de afirmar, ainda no
exercício das suas funções, que “negócios
imobiliários financiam dirigentes, campanhas e partidos”. E vai mais longe ao
denunciar que os pelouros do Urbanismo estarão a transformar-se nos “coveiros da democracia e os partidos nas
casas mortuárias”, o que não
deixa de ser motivo de grande preocupação pois mostra-nos um regime podre e com
promiscuidades preocupantes.
Mas a afirmação mais objectiva,
elucidativa e surpreendente de Paulo Morais é que “o Urbanismo é, na maioria das Câmaras, a forma mais encapotada e
sub-reptíiciamente de transferir bens públicos para a mão de privados”.
Vindo de quem vem esta frase, não
deixa de ser elucidativo que há mesmo corrupção no País e que ex - Primeiros – Ministros como Cavaco Silva, António
Guterres e Durão Barroso não criaram
todos os mecanismos para evitar que esta “praga” se desenvolvesse.
Naturalmente que as afirmações
referidas, em plena campanha eleitoral autárquica, levarão os cidadãos a pensar
se a “doença” estará espalhada pelo
território nacional ou se, por outro lado, está concentrada só nas grandes
urbes. Todavia, a ponta do véu está levantada. Agora, deverão ser accionados os mecanismos para a execução de
uma política nacional anti – corrupção, centrada na prevenção e inspecção
por parte do Governo e na averiguação e obtenção de provas por parte do
Ministério Público. O Povo Português deverá estar atento e não poderá permitir que
as assimetrias, entre os que dependem dos empregos (os eternos sacrificados) e os outros que usam os poderes públicos, se acentuem. Temos tido alguns
exemplos em que a justiça tem sido imparável quando encontra provas, como no caso recente da Brigada de Trânsito e no caso conhecido como “as facturas
falsas”. Se existe promiscuidade entre
as diversas forças políticas, dirigentes, famosos escritórios de advogados e
certos grupos empresariais, como afirmou Paulo Morais, urge pôr cobro, o
mais rapidamente, a esse estado de coisas para que o regime não seja posto em
causa. Os vestígios do corporativismo ainda são evidentes e, se não forem atacados,
continuarão a arruinar o País. Por isso, o Governo não deverá ceder a interesses
e movimentações que possam pôr em causa o regime democrático, sob pena de
voltarmos a ser um país adiado e sem futuro.
(Manuel Alberto Morujo)
O vídeo que se segue foi divulgado em Junho de 2012
(Paulo Morais)
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