quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O POVO É A VÍTIMA ETERNA


Antes de nos lançarmos a percorrer por conta própria na realidade que apenas adivinhamos, devemos aprender a navegar, interiormente, naquilo que pensamos conhecer. Partir dum raciocínio de azul cinzento e de sombras para chegarmos à conclusão desejada com alguns clarões, não é mais do que uma receosa e humilde caminhada, a qual nos dará o sentido das distâncias necessárias percorrer e nos ensinará a compreender que, a tolerância e o respeito pelos outros, começa em nós próprios. Vítimas de todas as miragens, enganados e abalados - porque nos falta a noção de previsão - não aprendemos a distinguir os valores. Sendo assim, jamais poderemos demarcar o nosso espaço de modo a encontrarmos o fundamento seguro, para podermos erguer o padrão da nossa razão. E, se considerarmos pior o caminho dos outros, melhor será ir junto deles aconselhá-los e guiá-los, para não comprometer o futuro daquele que todos querem defender, se bem que hipocritamente, o POVO. Este, cada vez mais vai deixando de acreditar neles, nesses mesmos, nos políticos, os quais deveriam dar o exemplo de respeito pelas instituições democráticas e não fazerem da política “uma feira da ladra” ou “lavagem das mãos, como Pilatos”.
Mas nem todos são iguais e, por isso mesmo, estão afastados do protagonismo populista e “voyeurista” a que a acção política chegou. Basta por vezes olhar à nossa volta e nada custa comprovar que a excepção confirma a regra.
Para onde caminhas Pátria amada, que tão mal és tratada? Não, não é só de agora. Constato, infelizmente, que os que hoje estão na oposição, também se comportaram de modo idêntico quando iam ao leme. E os que hoje estão ao leme actuam, rigorosamente, da mesma maneira quanto aqueles que outrora criticavam. Seria bom que entendessem que “uma Nação só se realiza de frutos da terra e do mar, de escolas que preparem os seus filhos para o mundo, de conselhos que a si próprios se governem, sem mutiladoras dependências do poder central, de propriedade comunitária de liberdade partilhada e não de sofrida sujeição e, principalmente, de governos que mais fossem de coordenar do que mandar” (Agostinho da Silva).
A política, caros leitores, não é uma feira de vaidades, mas uma missão. Nem tão pouco é um espectáculo popular, mas uma manifestação de respeito. Torna-se assim importante pensar que, este momento no qual a humanidade vive, é crucial. Por isso, os políticos têm o dever e, essencialmente, a obrigação de contribuírem para o bem-estar do seu POVO sendo tolerantes, “tendo sempre presente a diferença das almas e dos hábitos, não se deixando cair no cómodo sorriso superior”. E ninguém se pode julgar como vencedor ou vencido ou, por mero acaso, possuidor da verdade.
Manuel Alberto Morujo
    Distrito de Portalegre (2003.10.14)

Sem comentários:

Enviar um comentário