Antes de nos lançarmos a percorrer, por
conta própria, na realidade que apenas adivinhamos, devemos aprender a navegar,
interiormente, naquilo que pensamos conhecer. Partir dum raciocínio de azul
cinzento e de sombras, para chegarmos à conclusão desejada com alguns clarões,
não é mais do que uma receosa e humilde caminhada, a qual nos dará o sentido
das distâncias necessárias percorrer e nos ensinará a compreender que, a tolerância e o respeito pelos outros,
começa em nós próprios. Vítimas de todas as miragens, enganados e abalados -
porque nos falta a noção de previsão - não aprendemos a distinguir os valores.
Sendo assim, jamais poderemos demarcar o nosso espaço, de modo a encontrarmos o
fundamento seguro para podermos erguer o padrão da nossa razão. E, se
considerarmos pior o caminho dos outros, melhor será ir junto deles
aconselhá-los e guiá-los, para não
comprometer o futuro daquele que todos querem defender, se bem que
hipocritamente, o POVO. Este, cada
vez mais, vai deixando de acreditar neles, nesses mesmos, nos políticos, os
quais deveriam dar o exemplo de respeito pelas instituições democráticas e não
fazerem da política “uma feira da ladra” ou “lavagem das mãos, como Pilatos”.
Mas nem todos são iguais e, por isso
mesmo, estão afastados do protagonismo populista e “voyeurista” a que a acção
política chegou. Basta por vezes olhar à nossa volta e nada custa comprovar que
a excepção confirma a regra.
Para onde caminhas, Pátria amada, que
tão mal és tratada? Não, não é só de agora. Infelizmente pode-se constatar que, os que
hoje estão na oposição, também se comportaram de modo idêntico quando iam ao
leme. E os que hoje estão ao leme actuam rigorosamente da mesma maneira, quanto aqueles que outrora criticavam. Seria bom que entendessem que “uma Nação só se realiza de frutos da terra
e do mar, de escolas que preparem os seus filhos para o mundo, de conselhos que
a si próprios se governem, sem mutiladoras dependências do poder central, de
propriedade comunitária de liberdade partilhada e não de sofrida sujeição e,
principalmente, de governos que mais fossem de coordenar do que mandar”
(Agostinho da Silva).
A política, caros leitores, não é uma
feira de vaidades, mas uma missão. Nem tão pouco é um espectáculo popular, mas
uma manifestação de respeito. Torna-se assim importante pensar que este
momento, em que a humanidade vive, é crucial. Por isso, os políticos têm o
dever e, essencialmente, a obrigação de contribuírem para o bem-estar do seu POVO sendo tolerantes, “tendo sempre presente a diferença das
almas e dos hábitos, não se deixando cair no cómodo sorriso superior”. E
ninguém se pode julgar como vencedor ou vencido ou, por mero acaso, possuidor
da verdade.
Manuel
Alberto Morujo
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