Não tivesse sido a notícia funesta deste
dia, a continuação do meu silêncio manter-se-ia. No entanto, senti que o
deveria quebrar como forma de agradecer ao EUSÉBIO os inúmeros momentos de
prazer, e alegria, que me concedeu quer com a camisola do SPORT LISBOA E
BENFICA, quer com a camisola da Selecção de PORTUGAL.
A primeira vez que tive a oportunidade de
o ver jogar "ao vivo" foi no dia 21 de Março de 1962. Tinha então
quinze anos. O meu Pai, inveterado Sportinguista, levou-me, nesse dia, ao então
Estádio da Luz para assistir à primeira mão das meias-finais da Taça dos
Campeões Europeus entre o Benfica e o Tottenham, jogo em que o EUSÉBIO não marcou
qualquer golo mas fez uma exibição das melhores que vi, até hoje, fazer a
qualquer jogador. O meu Pai, repito, intransigente Sportinguista, disse-me
antes, e durante a viagem até Lisboa: "não te levo a ver jogar o Benfica,
mas sim a veres jogar o EUSÉBIO". No regresso a Portalegre, recordo-me de
O ter ouvido dizer várias vezes que “afinal valeu a pena ter ido a
Lisboa...para ver jogar o EUSÉBIO”. Sintomático do que, já nessa altura, o
lendário jogador provocava de admiração nos "rivais".
Felizmente, ao longo dos anos foram várias
as oportunidades de cumprimentar, e trocar, breves palavras com o EUSÉBIO, a
primeira das quais em Castelo de Vide, nos princípios dos anos oitenta, numa
deslocação que ele fez para participar num jogo das "Velhas Guardas"
do SLB. Em determinado momento, durante o aquecimento, aproximou-se dos limites
do relvado onde eu me encontrava com o meu filho Ricardo. Cumprimentei-o e,
olhando para os seus joelhos, perguntei-lhe a quantas operações tinha sido
sujeito, tendo respondido, com a sua habitual humildade, que tinham sido
seis...só ao joelho esquerdo.
Um outro breve encontro foi no Restaurante
da Tia Matilde. Durante vários anos era o Srº Emílio, proprietário do
Restaurante, que me comprava os bilhetes para assistir aos jogos internacionais
do SLB. No dia 18 de Abril de 1990, acompanhado do meu filho Ricardo, entrei na
Adega da Tia Matilde e, perante alguma admiração, ao Balcão do Bar estavam o
Humberto Coelho e o EUSÉBIO. Cumprimentei-os, trocámos breves palavras no
seguimento da minha afirmação de que tinha enorme prazer em estar na presença
de dois enormes jogadores do SLB e que este encontro entendia-o como prenúncio
de que iríamos ter uma noite de grande alegria, o que veio a acontecer. E
o Sr. Emílio, como de costume, lá tinha uma vez mais os meus
bilhetes.
Foram outras as vezes que troquei palavras
de circunstância com o EUSÉBIO, nomeadamente enquanto fui Presidente da Casa do
Benfica de Portalegre e que, por esse motivo, fui várias vezes convidado a
assistir a jogos no Camarote da Presidência do Clube, onde ele sempre estava
presente.
Hoje, no dia em que o EUSÉBIO se liberta
do Mundo dos Vivos, aqui fica a minha homenagem ao Homem, mas principalmente ao
jogador do SPORT LISBOA E BENFICA que me concedeu as maiores alegrias da minha
vida desportiva.
Manuel Alberto Morujo
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