Por falta de um cravo, perde-se a ferradura;
Por falta de uma ferradura, perde-se o cavalo;
Por falta de um cavalo, perde-se o cavaleiro;
Por falta de um cavaleiro, perde-se a batalha;
Por falta de uma vitória, perde-se o reino e, tudo
isto,
Por causa de um simples cravo.
(Benjamim Franklin - 1706/1790)
Caro concidadão:
O Norte Alentejano está situado numa zona
de transição do Território Nacional. A sua população é caracterizada por uma
mescla de costumes, usos e tradições influenciada pelo facto de estar
implementada numa área geográfica delimitada a Norte com a Beira – Baixa, a Sul
com a Planície Alentejana, a Oeste com o Ribatejo e a Leste com a Espanha. São
razões sociológicas que, ao longo dos anos, não temos sabido ultrapassar e que,
de uma maneira ou outra, contribuíram para que nunca fossemos suficientemente
unidos em torno do essencial: a Identificação
do Norte Alentejano.
Todavia,
o trabalho tenaz vence todas as dificuldades e, pessoalmente, continuo a
acreditar que é possível aproximarmo-nos com uma entrega total, sincera,
solidária e participativa, apesar de desde há alguns anos, juntamente com
outros amigos, também sensibilizados para esta temática, ter tentado,
infrutiferamente, aproximar a Diáspora
Norte Alentejana daqueles que por cá continuam.
Ao longo
dos anos nasceram, cresceram, estudaram, trabalharam e passaram pelo Norte Alentejano inúmeros cidadãos,
alguns dos quais alcançaram lugares de relevo e que, de algum modo, poderão
contribuir para a promoção e desenvolvimento do Norte Alentejano. Muitos encontram-se afastados devido a vários
factores que a própria vida a isso levou, na procura de melhores condições, o
que, só por si, não justifica o eventual distanciamento e alheamento. Contudo,
muitos acabaram por ficar por aqui. Mas todos juntos, temos de olhar o futuro e
conjugar esforços em torno do essencial: ANULAR
A TENDÊNCIA DE DESERTIFICAÇÃO E APOIAR O DESENVOLVIMENTO DO NORTE ALENTEJANO.
São
diversas as razões que têm contribuído para que a população residente Norte Alentejana tenha diminuído. Nos
últimos quarenta anos, a população decresceu de cento e oitenta mil habitantes,
para os actuais cento e vinte mil. Nos últimos vinte anos, Portugal teve sete
Governos. Todos eles prometeram diminuir as assimetrias entre o litoral e o
interior. Os resultados estão à vista: os empregos escasseiam; os efeitos da
interioridade manifestam-se, cada vez mais; o isolamento de alguns Concelhos
intensificou-se desde a existência das grandes vias rodoviárias a passarem quer
a Norte, quer a Sul, a mais de cinquenta quilómetros e a massa crítica,
principalmente a mais jovem que após a sua formação académica no Norte
Alentejano se desloca para outros lugares, diminui a capacidade empreendedora.
E, sendo assim, o futuro é preocupante. E sê-lo-á, ainda mais, a partir do
momento em que encerrarem e deslocarem serviços públicos para outros destinos.
Sem
dificuldades, o que se constata, nomeadamente desde a entrada de Portugal na
União Europeia, é que os investimentos que podiam fixar populações, têm sido
efectuados, em grande escala, noutras paragens. Para isso ter acontecido, não
tenho ilusões de que muito têm contribuído as vozes que se fazem ouvir junto dos
“Corredores do Poder”. E estas, por parte dos Norte Alentejanos, são muito
pouco notadas. Veja-se, como exemplo, a nossa representatividade Parlamentar,
que passou de quatro Deputados em 1975, para os actuais apenas dois. Temos “pouco
peso eleitoral” como alguém, com responsabilidades, há anos afirmou.
Dizem-nos, com frequência que no Norte
Alentejano não há investimentos, porque não há população. Que forma airosa
de nos deixarem por aqui continuar entregues à nossa sorte e à perspicácia
deste ou daquele autarca, mais dinâmico, ou empresário mais dedicado!
Mas o
fatalismo é inimigo do desenvolvimento. Por isso, é tempo de reagir, de
procurarmos todos os meios que possam contribuir para valorizar e desenvolver o
Norte Alentejano, dentro de padrões
idênticos àqueles que outras áreas do País conseguiram atingir e de unir todos
os Norte Alentejanos, naturais ou que aqui se fixaram, à
volta dos mesmos objectivos, duma forma organizada e solidária, fazendo ouvir a
sua voz autorizada e com autoridade, que centralize todas as tendências
sociais, culturais, educacionais, religiosas, económicas e políticas numa
atitude isenta de partidarismos, que seja representativa de toda a
comunidade Norte Alentejana e que, acima de tudo, seja mais
respeitada por todos os sectores da vida portuguesa, principalmente, por
aqueles que governam o País.
Meras
palavras levam-nas o vento. E as ventanias, por estas bandas, são geralmente
fortes. Por isso, urge dar corpo a estas intenções, nomeadamente, através da:
1º - Criação da ASSOCIAÇÃO DE CIDADÃOS DO NORTE ALENTEJANO (ACNA)
O
ante-projecto dos estatutos está elaborado e, para o dar a conhecer, vou
convidar cidadãos Norte Alentejanos
residentes e da Diáspora – assim como outros que se sentem identificados
connosco – para levarmos a cabo, no mais curto espaço de tempo, a realização de
um Fórum.
2º - Criação duma BASE
DE DADOS
Está já
constituída por cerca de três centenas de Norte
Alentejanos e é importante que sejam indicados mais nomes com profissões,
moradas, contactos telefónicos e caixas de correio de outros.
3º -
Criação dum SITE NA INTERNET
4º -
Publicação, com alguma periodicidade, de um BOLETIM ou FOLHA
INFORMATIVA. O objectivo é o de divulgar e promover as
potencialidades do Norte Alentejano,
em todas as suas vertentes, assim como manter um elo de ligação entre todos.
5º - Realização dum CONGRESSO do NORTE
ALENTEJANO.
Na
expectativa de que este manifesto seja bem recebido, cordialmente apresento os
meus cumprimentos,
Manuel Alberto Carvalho Morujo
NORTE ALENTEJO, 12 de Maio de 2006
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